Uso de cannabis na gestação, segundo novo estudo, reforça pesquisas anteriores e orientações do Ministério da Saúde, que já apontavam riscos
Uma nova pesquisa publicada na revista American Journal of Obstetrics & Gynecology demonstrou que bebês cujas mães usaram cannabis durante a gravidez têm mais chances de sofrer problemas ao nascer. Os principais riscos são baixo peso e possibilidade de internação em UTIs neonatal.
Uso de cannabis na gestação
De modo geral, os resultados confirmam achados de pesquisas anteriores. Além disso, também estão alinhados com a orientação da American College of Obstetricians and Gynecologists de que pacientes grávidas evitem o uso da cannabis na gestação.
Entenda a pesquisa
Pesquisadores analisaram casos de mais de 360 mil mães e seus bebês entre 2011 e 2020, por meio de registros de saúde. Contudo, para confirmar o uso de cannabis, os cientistas aplicaram questionários e realizaram testes toxicológicos com a urina das mães.
Algumas delas usavam cannabis de modo recreativo, mas outras apresentavam associações a sintomas como náusea, depressão, ansiedade e traumas, de forma que utilizavam a droga para aliviar essas queixas.
Outras variáveis
Porém, com o propósito de evitar interferências, o estudo também considerou outras variáveis, como status socioeconômico materno, uso de outras substâncias, adequação ao pré-natal e condições médicas como obesidade.
Bebês participantes
Do total de bebês participantes do estudo, cerca de 6,2% foram expostos à cannabis durante a gravidez. Entre eles, os dados indicaram maior probabilidade de baixo peso ao nascer, de inadequação do crescimento à idade gestacional, de parto prematuro e de internação em UTIs neonatal.
Dose e frequência
Além de comprovar a ligação, o estudo também revela que há uma relação entre a dose de cannabis utilizada e o risco de problemas de saúde do bebê. Em suma, isso que dizer que, quanto mais frequente o uso, maior as chances de o recém-nascido sofrer alguma consequência.
Para os pesquisadores, essa descoberta traz informações importantes para a redução de danos.
“Para aquelas que talvez não estejam dispostas a parar de usar cannabis durante a gravidez, o uso menos frequente pode ter menos danos potenciais”, explica Kelly Young-Wolff, autora do estudo.
Abordagem
Todavia, os cientistas envolvidos acreditam que é importante que os médicos saibam abordar as mães que fazem uso de cannabis sem julgamento, a fim de compreender o motivo. Então, se for para aliviar sintomas como ansiedade ou náuseas, por exemplo, eles podem orientar outras opções de tratamento.
Agora, as informações da pesquisa também podem ajudar as mães a tomarem decisões mais informadas sobre o uso de cannabis na gravidez.
O que diz o Ministério da Saúde
No Brasil, o Ministério da Saúde oferece uma cartilha sobre o uso de drogas na gestação. Algumas das consequências do consumo de cannabis durante a gravidez já estão no documento, como nascimento prematuro, comprometimento do crescimento fetal e internações em UTI neonatal.
Ainda conforme a cartilha, o uso de cannabis pode provocar descolamento da placenta, aborto espontâneo e nascimento de bebê natimorto. Além da cannabis, a cartilha aborda também o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, por exemplo.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/criancas-segurando-folhas-de-maconha_4838862