Suspensão de todas as vacinas para grávidas sem comorbidades teve nota de apoio de entidades médicas
Na última sexta-feira (21), entidades médicas nacionais divulgaram uma nota de apoio às medidas tomadas pelo Ministério da Saúde em relação à vacinação de gestantes e puérperas (até 45 dias depois do parto).
Suspensão de todas as vacinas para grávidas sem comorbidades
A suspensão de todas as vacinas para grávidas sem comorbidades vai contra o que havia sido autorizado em 27 de abri. Na ocasião, todas elas haviam sido incluídas no grupo prioritário de vacinação.
Entretanto, as recomendações do Ministério da Saúde mudaram após a notificação do óbito de uma gestante de 35 anos em 10 de maio. Ela havia tomado a vacina da AstraZeneca/Fiocruz dias antes. A gestante apresentou acidente vascular cerebral hemorrágico e o feto também veio a óbito. O caso ainda está sendo investigado para comprovar se houve relação com a vacina.
Vacinação segue para grávidas e puérperas com risco elevado para Covid-19
Em razão das mortes materna e fetal, possivelmente associadas com imunizante da AstraZeneca/Fiocruz, a aplicação de todas as vacinas foi suspensa para gestantes e puérperas sem comorbidades ou outros fatores de risco (trabalhar na área da saúde).
Em contrapartida, para o grupo de grávidas e puérperas com risco elevado para covid-19, a vacinação deve continuar com as vacinas da Pfizer e Coronavac. A nota das entidades médicas colabora essa decisão.
Opinião médica sobre a suspensão de todas as vacinas para grávidas que não têm riscos elevados
Segundo o pediatra Moises Chencinski, do Departamento Científico de Aleitamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, a opção por suspender as vacinas foi tomada porque ainda não há evidências científicas suficientes sobre sua aplicação em gestantes e puérperas.
“Não existe lugar no mundo em que gestantes e puérperas estejam entre os grupos prioritários para a vacinação contra covid-19.”
Sobre seguir o padrão internacional, ele disse:
“A opção foi seguir esse padrão internacional, mantendo apenas as gestantes e puérperas com comorbidades ou outro fator de risco no grupo prioritário. Ainda precisamos aguardar evidências de estudos das vacinas em gestantes e puérperas para poder recomendá-las com segurança.”
Há controvérsias entre a classe médica
Embora tenha o apoio das entidades médicas, a suspensão de todas as vacinas para grávidas sem comorbidades divide opinião entre especialistas.
É o caso da pesquisadora e obstetra, Melania Amorim, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que publicou em suas redes sociais uma opinião diferente. Para ela, a suspensão é “arbitrária”.
“Dispomos de vacinas que já são comprovadamente seguras para uso na gravidez, quais sejam a da Pfizer e Coronavac, e elas deveriam ser garantidas para todas as grávidas e puérperas. O risco de trombose com trombocitopenia depois da aplicação da vacina Oxford-Astrazeneca é muito raro, acredito que as gestantes e puérperas deveriam ter o direito de escolher, depois de informadas, se querem a vacina da Astrazeneca/Fiocruz, como recomendam outros países (inclusive o Reino Unido).”
Recomendações das entidades médicas e Ministério da Saúde
As entidades médicas e o Ministério da Saúde fazem as seguintes recomendações para as grávidas e puérperas que já tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19:
- Se a vacina era da Pfizer ou Coronavac, o esquema vacinal deve ser seguido sem alterações;
- Se a vacina era da Astrazeneca/Fiocruz, é recomendo aguardar o término do período da gestação e puerpério (até 45 dias pós-parto) para a administração da segunda dose.
Em comunicado, as entidades médicas recomendam que grávidas e puérperas que já recebera dose(s) da vacina AstraZeneca/Fiocruz, procurem atendimento médico imediato caso apresentem um dos seguintes sintomas nos 4 a 28 dias após a vacinação:
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Inchaço em perna;
- Dor abdominal persistente;
- Sintomas neurológicos, como dor de cabeça persistente e de forte intensidade, visão borrada, dificuldade na fala ou sonolência;
- Pequenas manchas avermelhadas na pele além do local em que foi aplicada a vacina.
*Foto: Divulgação/Hannah Beier/Reuters