Startup pré-natal foi criada por alunas da USP, do curso de Obstetrícia; projeto tira dúvidas, oferece informações e acolhe tentantes, gestamtes e puérperas, atendidas pelo SUS
Com o propósito de dar um atendimento humanizado durante o pré-natal a mulheres de baixa renda, duas alunas do curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma plataforma digital.
Startup pré-natal
As estudantes Luciana Rangel e Gabriela Torrezani desenvolveram uma startup pré-natal, totalmente virtual em que tentantes, grávidas e puérperas podem acessar uma biblioteca de conteúdos, tirar dúvidas, fazer teleconsultas e participar de grupos de apoio.
Como surgiu o projeto
O projeto surgiu da vontade de Luciana e Gabriela de oferecer um atendimento de qualidade para mulheres que nem sempre podem contar com uma equipe multidisciplinar de assistência pré-natal.
Desenvolvimento da startup
A iniciativa começou a ser desenvolvida em abril, a partir da análise pessoal das criadoras sobre a qualidade obstétrica no Brasil. Segundo o DataSUS, a mortalidade materna é de 60 a cada 100 mil nascidos vivos, sendo 30 a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), além do que, 45% das mulheres da rede pública sofrem com violência obstétrica.
Gabriela declarou em entrevista ao Jornal da USP:
“Nós vimos que, na prática, essa atenção humanizada individualizada, baseada em evidência científica, acaba ficando na mão de uma classe social mais alta no Brasil.”
A partir do conceito, as duas iniciaram testes e entrevistas com 50 gestantes de baixa renda, que eram atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na teoria, toda grávida brasileira tem direito a um acompanhamento pré-natal gratuito na rede pública. A recomendação do Ministério da Saúde é de que façam pelo menos seis (6) consultas com enfermeiros ou obstetras durante a gravidez. No entanto, na prática, nem sempre essas consultas são suficientes para que as mulheres se sintam seguras e bem informadas, explicou Luciana.
“Fazendo as entrevistas, a gente percebeu que essas mulheres precisavam de um cuidado contínuo. Elas vão às consultas, mas às vezes saem de lá com mais dúvidas do que tinham entrado. Até a consulta do próximo mês, elas ficam com várias outras dúvidas que não eram sanadas. Percebemos que o que faltava era ter alguém que acompanhasse essa jornada dela ao longo do tempo, para tirar as dúvidas, para dar apoio emocional e para oferecer uma rede de apoio que às vezes essa mulher não tem.”
Tuli Saúde
A partir dessa coleta de dados, nasceu a primeira versão do Tuli Saúde. Luciana e Gabriela criaram uma página no Instagram e um site do projeto. Por meio dele, pediram para que mulheres interessadas em participar dos testes fizessem o cadastro.
Na sequência, todas as participantes foram adicionadas a um grupo do WhatsApp, em que recebiam conteúdos sobre obstetrícia e podiam tirar dúvidas com outras mulheres ou com profissionais de saúde, revelou Gabriela.
“A gente soltava votações semanais, para entender quais eram os temas de mais interesse. A partir desses resultados, produzia conteúdo, soltava vídeos, PDFs, infográficos… As participantes jogavam muitas dúvidas no grupo, porque queriam a opinião de outras mães, mas a nossa como profissionais de saúde também. Dessa forma, a gente conseguiu criar várias hipóteses para entender bem as dores dessa população.”
Captação de recursos
Atualmente, o projeto está em fase de captação de investidores. Segundo Luciana, a ideia é criar planos de assinatura, em que as mulheres pagam uma pequena taxa mensal para ter acesso aos conteúdos, aos grupos e às consultas com enfermeiras obstetras e obstetrizes.
“Se conseguirmos o financiamento, o processo se torna rápido, porque a gente já está com a plataforma pronta para desenvolver.”
*Foto: Depositphotos