Frequentar sauna na gestação, mesmo sendo uma forma de relaxar e ajudar em dores do corpo, é preciso ter atenção para evitar colocar em risco a saúde da mãe e do bebê
Quando a mulher está gestante, ela questiona determinados hábitos que faziam parte de sua rotina, para não colocar a saúde dela nem a do bebê em desenvolvimento em risco. Isso ocorre em diversos aspectos, como: alimentação, prática de atividade física, ingerir medicamentos e também em momentos de autocuidado. Mas afinal de contas, o que é seguro manter durante a gravidez? Frequentar saunas, por exemplo, é uma das dúvidas comuns entre as gestantes. Pode ou não pode?
Sauna na gestação – pode ou não?
Segundo Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), não é indicado que as mulheres frequentem uma sauna na gestação. Isso porque as altas temperaturas nas saunas podem provocar um grande mal-estar na gestante, colocando a saúde e bem-estar e segurança da mulher e do bebê em risco. “O uso da sauna é contraindicado durante toda a gravidez justamente porque já existe uma pressão mais baixa ao longo dos 9 meses provocada por alterações no corpo próprias da gravidez. O uso da sauna provoca uma vaso dilatação periférica, o que faz com que a pressão caia mais ainda e você tenha o risco de desmaio da gestante”, explica o médico.
Além disso, Alexandre Pupo também pontua que a hipertermia [aumento excessivo da temperatura corporal] pode causar prejuízos irreversíveis à saúde do feto e da mãe, uma vez que esta alteração abrupta afeta diretamente nas proteínas do corpo, podendo comprometer a gestação como um todo. “A maioria das proteínas do corpo humano entram em processo de destruição (ou desnaturação) quando a temperatura corporal ultrapassa os 42ºC. Portanto, a elevação da temperatura persistente leva, em primeiro lugar, a essa desnaturação de proteínas, o que pode causar danos ao corpo da mãe e ao feto que está dentro do ventre. Somado a isso você também tem os efeitos de desidratação provocado pela tentativa do corpo de manter a temperatura em níveis ideais, em que o corpo abre as glândulas sudoríparas e liberar suor, e junto com esse suor também se perde sódio e potássio, o que pode acarretar a um desequilíbrio hidroeletrolítico e fazer com que a pressão sofra alterações importantes bem como o próprio corpo da mãe”, conclui Pupo.
O perigo das altas temperaturas
Contudo, o obstetra Braulio Zorzella, representante da rede ReHuNa (Rede de Humanização do Parto e Nascimento), fundador do projeto Obstare e colunista da revista CRESCER também chama atenção para uma patologia específica que pode ocorrer por meio da hipertermia, trazendo prejuízos à saúde materna e podendo ocasionar dificuldades durante a gravidez e até no pós-parto. “A alta temperatura do ambiente também pode levar à vasodilatação placentária e causar uma patologia que se chama polidrâmnio [associado a complicações maternas e fetais], uma vez que essa alta temperatura pode fazer com que a placenta receba mais água que o necessário, assim aumentando o líquido amniótico ali presente”, explica Zorzella.
Riscos
Esta alteração pode acarretar questões de saúde como dificuldade respiratória materna, deslocamento da placenta, prolapso do cordão umbilical, parto prematuro entre outras. Geralmente, o polidrâmnio se resolve sem necessidade de tratamentos. No entanto, se for preciso, é possível que a mãe seja submetida à drenagem do líquido excessivo para que ele não comprometa a saúde dela e do bebê.
Ofurô, hidromassagem e banho com temperatura alta também devem ser evitados?
Apesar de ajudarem a relaxar e até parecerem boas opções para conter as dores musculares que podem surgir durante a gravidez, utilizar ofurôs, hidromassagem ou banhos com temperaturas elevadas também são contraindicados durante a gestação. “Qualquer banho de imersão em que você tem a chance de elevar a temperatura corporal acima de 41ºC pode levar a um problema sério de hipertermia”, explica Alexandre Pupo.
Por fim, o ginecologista ressalta que os banhos de imersão, independentemente do local, podem trazer outros prejuízos para a mulher que podem ser evitados apenas com cuidados simples como com a temperatura da água ali presente. “Você tem questões relacionadas à alteração da flora da pele, destruição da oleosidade natural da pele e do cabelo… Tudo isso contribui, obviamente, para uma piora estética, que muitas mulheres reclamam ao longo da gravidez”, pontua. Portanto, na hora do banho, o ideal é optar por uma água mais amena, com temperatura de até 30ºC.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/feche-a-mulher-relaxando-na-sauna_22820072