Você já deve ter ouvido algo do tipo: “toda mulher nasceu para ser mãe” ou ainda “quando tiver um filho saberá o que é um amor incondicional” por aí vai. Estas frases, por exemplo, só ressaltam o estereótipo de que toda mulher veio ao mundo com “obrigação social de procriar”. No entanto, algumas pessoas têm muito medo e até uma certa fobia em relação à gravidez e ao parto. Sendo assim, este tema passou a ser estudado pela Psicologia que o denominou de “tocofobia”. Neste artigo, vamos explicar melhor sobre o termo e como ele pode ser percebido pelas mulheres.
O que é tocofobia?
É preciso dizer que nem todas as mulheres que sofrem de tocofobia não desejariam serem mães. Mas, neste caso, elas desistem da maternidade por entrarem em contato com um medo profundo similar à fobia, como avalia Daniela:
“Ou se elas engravidam, têm verdadeiro pavor de pensar no parto, que é sentido como uma experiência de muito sofrimento e de ameaça a vida, da mãe e do bebê. Por esse motivo, se engravidam, muitas recorrem a cesariana.”
A psicóloga também revela que algumas mulheres podem desenvolver este tipo de fobia depois de passarem por procedimentos traumáticos em sua primeira gestação e experiência de parto.
Principais sintomas da tocofobia
As mulheres que desenvolveram a tocofobia relataram os seguintes sintomas: descontrole emocional ao falar do assunto, crises de pânico, oscilação intensa de humor, vômitos excessivos, pesadelos e depressão.
Já as principais características estão ligadas ao medo excessivo de engravidar e da hora do parto. Sobre isso, a psicóloga Daniela Silvares, terapeuta da criança interior e consteladora familiar:
“Para algumas mulheres, o fato de se imaginar grávida ou parindo, já é suficiente para desencadear uma crise de ansiedade e uma verdadeira aversão.”
Como identificar esta fobia?
Durante a gestação, é normal que as mulheres tenham medos e ansiedade. Porém, para as mulheres com tocofobia, “é um verdadeiro sofrimento para elas, desde a possibilidade de engravidar até a forma como vivenciam a gestação, caso ela aconteça”, diz a consteladora familiar.
Existe tratamento?
No caso das mulheres que têm tocofobia, mas que desejam ser mães, elas acabam buscando uma ajuda especializada. A psicóloga Daniela Silvares afirma que existem vários tratamentos:
“Em alguns casos talvez seja preciso uma intervenção multidisciplinar e até uso de medicação. É muito importante que essa mulher investigue seus medos e que, com ajuda profissional adequada, consiga olhar para o que esses sintomas revelam sobre sua história. Sobre a sua experiência de nascimento, sobre o que sua mãe viveu e sentiu em sua gestação.”
Ela afirma que em muitos casos a paciente possui um histórico familiar com relatos de outras mulheres. São elas: sua mãe, avós, bisavós, que já passaram por sofrimentos profundos. Consequentemente, esses traumas foram passados de forma transgeracional:
“Todas essas experiências nos acompanham, mesmo que não tenhamos consciência delas. Aquilo que foi dito e mesmo o que foi silenciado. Com um tratamento adequado, essa mulher poderá vivenciar uma gestação e parto sem que precise passar por tanto sofrimento emocional.”
Existe teste que identifique a doença?
Não existe nenhum tipo de teste ou exame que consiga identificar a tocofobia. Todavia, um especialista pode dar o diagnóstico clínico para que a paciente possa encontrar o melhor método de tratar os sintomas.
E não são só as mulheres que podem sofrer com a doença. Os homens também podem desenvolver a tocofobia, conclui a consteladora familiar:
“Embora o índice seja bem menor, também pode acontecer de o homem desenvolver a tocofobia e, da mesma forma, é preciso buscar ajuda profissional para compreender o que está por trás desses sintomas e conseguir vivenciar uma paternidade com mais leveza.”
*Foto: Divulgação