Mudanças climáticas afetam a gravidez por gerar riscos de complicações que comprometem o bem-estar da mãe e também do bebê
As alterações climáticas provocam fenômenos naturais, como ondas de calor, incêndios florestais e furacões. E tudo isso pode afetar a saúde e bem-estar de gestantes e bebês.
Mudanças climáticas afetam a gravidez
Além disso, as mudanças climáticas afetam a gravidez no sentido de gerar riscos de complicações que comprometem o bem-estar da mãe e também do bebê.
Durante a gestação, o corpo da mulher faz mudanças drásticas para favorecer o bem-estar da criança. Isso eleva a sensibilidade a fatores ambientais que podem afetar direta ou indiretamente sua saúde.
Todavia, as mulheres grávidas em particular estão sujeitas a variações hormonais que as tornam vulneráveis a qualquer evento que ocorra ao seu redor. Portanto, elas são mais propensas a desenvolver infecções, hipertermia, desidratação, hipertensão ou diabetes, entre outras doenças.
Aumento da temperatura
Durante a gravidez, a temperatura corporal da mulher aumenta naturalmente. Entretanto, à medida que essa alteração cresce como resultado das mudanças climáticas pode causar problemas como desidratação ou insuficiência renal.
Durante a gravidez, a ação do estrogênio e da progesterona promove aumento do fluxo sanguíneo e vasodilatação corporal. Esses efeitos produzem um aumento fisiológico da temperatura e afetam a termorregulação do corpo nas mulheres.
Porém, as ondas de calor e o aumento da temperatura ambiental causado pelas mudanças climáticas acentuam essa alteração. Sendo assim, aumenta o risco de superaquecimento em gestantes, o que pode causar desidratação e, em casos avançados, insuficiência renal.
Da mesma maneira, a hipertermia materna aumenta o risco de alterações fetais, como malformações anatômicas, problemas de crescimento fetal e parto prematuro.
Uma pesquisa publicada no The Lancet, intitulada “O impacto das altas temperaturas ambientais no momento do parto e na duração da gestação”, descobriu que o calor extremo causa um aumento nos partos prematuros que são encurtados entre seis dias e duas semanas por esse motivo.
Distúrbios respiratórios
Por outro lado, a poluição do ar também influencia negativamente o bem-estar da gravidez. Alterações na saúde cardiopulmonar da mãe e danos placentários são consequência das partículas provenientes da combustão de elementos fósseis, automóveis e incêndios florestais. É o que afirma a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras FIGO, em seu artigo intitulado “Mudanças climáticas, saúde da mulher e o papel dos obstetras e ginecologistas na liderança”.
Por sua vez, a redução da oferta de oxigênio ao feto e a passagem desses poluentes pela placenta aumenta a incidência de abortos, partos prematuros, bebês com baixo peso ao nascer e bebês com alterações na capacidade cognitiva.
Nutrição comprometida
Furacões, chuvas, inundações ou secas afetam a produção e a qualidade dos alimentos. Isso se traduz em deficiências nutricionais nas gestantes e consequências como diarreia e infecções secundárias devido ao consumo de alimentos contaminados.
Estas são algumas das consequências que podem desencadear problemas gestacionais:
- Desnutrição;
- Anemia;
- Desidratação;
- Infecções graves;
- Malformações fetais;
- Abortos espontâneos;
- Fetos com problemas de crescimento;
- Bebês com baixo peso ao nascer.
Estresse
As mulheres grávidas são mais propensas a sofrer de estresse por conta do coquetel hormonal que administram. E esse estresse é aumentado por grandes eventos climáticos, como ondas de calor, furacões ou inundações. Essas condições podem levar ao estresse pós-traumático e a outros problemas, como a depressão.
Doenças infecciosas
Desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas podem agravar e disseminar doenças infecciosas relacionadas a alimentos, água e insetos, como dengue, zika ou esquistossomose, para citar alguns.
As mulheres grávidas são um grupo de risco, pois durante toda a gestação o sistema imunológico fica deprimido para evitar a rejeição do bebê.
Esses efeitos podem ser evitados?
Em muitos casos, é difícil prevenir os efeitos das mudanças climáticas nas mulheres grávidas. Porém, cuidados médicos oportunos e check-ups pré-natais regulares podem atenuar sua gravidade.
Neste caso, o pré-natal permite o diagnóstico precoce e o tratamento das possíveis consequências desse problema. Desse modo, os efeitos negativos sobre a mãe e o feto são reduzidos.
Por fim, nos últimos anos, algumas associações de saúde, como o American College of Obstetricians and Gynecologists ACOG, reconheceram a necessidade urgente de buscar soluções em larga escala para conter as mudanças climáticas e seus efeitos na saúde das pessoas.
*Foto: Depositphotos