Com as miniplacentas, cientistas acreditam que técnica pode ajudar a entender melhor os principais distúrbios que afetam a gestação
Cientistas desenvolveram “miniplacentas” em laboratório para ajudá-los a compreender melhor a pré-eclâmpsia, condição que acontece em cerca de seis em cada 100 primeiras gestações, e pode colocar em risco a saúde da mãe e do bebê. O estudo internacional, divulgado na última quinta-feira (18) pela BBC, mostra que é possível realizar testes realistas nessas “miniplacentas”, o que pode ajudar a entender melhor os principais distúrbios que afetam a gestação.
Estudos das miniplacentas
A professora Ashley Moffett, da Universidade de Cambridge, disse, em entrevista ao canal britânico, que a maioria dos “principais distúrbios da gravidez” tem a ver com os primeiros estágios do desenvolvimento da placenta, o que, por motivos de segurança, é difícil de estudar em gestantes. Em conjunto com colegas do Instituto Friedrich Miescher, na Suíça, e do Instituto Wellcome Sanger, na Inglaterra, ela criou a “miniplacentas” – um modelo celular dos estágios iniciais do órgão – que permite estudar o início da gravidez e “ajuda a melhorar a compreensão dos distúrbios reprodutivos”.
Gestação saudável
Uma gestação saudável depende, entre outros fatores, do desenvolvimento da placenta nas primeiras semanas de gravidez, período em que ela se implanta no endométrio – a mucosa do útero da mãe.
“A maioria dos principais distúrbios da gravidez – pré-eclâmpsia, natimortos, restrição de crescimento, por exemplo – estão relacionados a falhas na forma como a placenta se desenvolve nas primeiras semanas”, disse Moffett. “É um processo incrivelmente difícil de estudar – o período após a implantação, quando a placenta se insere no endométrio, é frequentemente descrito como uma ‘caixa preta do desenvolvimento humano’. Ainda compreendemos pouco sobre as interações entre a placenta e o útero”.
Pré-eclâmpsia
Entre as condições que os cientistas estão explorando está a pré-eclâmpsia que ocorre quando as trocas entre útero e placenta não funcionam adequadamente, originando pressão arterial elevada, geralmente a partir da 20ª semana de gestação. Além disso, a condição pode provocar inchaço e dor de cabeça na mãe, parto prematuro, hemorragia, e problemas de desenvolvimento para o bebê. “Apesar de afetar milhões de mulheres por ano em todo o mundo, ainda entendemos muito pouco sobre a pré-eclâmpsia”, disse Margherita Turcom, do Instituto Friedrich Miescher. “Para realmente compreendê-la, prevê-la e preveni-la temos que entender o que está acontecendo nas primeiras semanas. Esse é o nosso objetivo.”
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-gravida-que-toca-em-sua-barriga_937079