Maternidade real pode ser conferida por meio do filme “Quando a vida acontece”, que conta as dificuldades de um casal para engravidar
A expectativa de casais em torno de planejar o primeiro filho e, por ventura, terem de enfrentar desafios, é um dos focos da maternidade real. O assunto já foi tema de diversos filmes e séries. E o mais recente deles, “Quando a vida acontece”, relata histórias curiosas em torno de um casal que está com dificuldades para engravidar. O longa-metragem está disponível na plataforma Netflix.
De origem austríaca, o filme fala ainda aos tratamentos de fertilidade que o casal realiza. No entanto, sem sucesso. Mas para relaxar e esquecer um pouco dessa ideia, eles saem de férias. Durante este período eles conhecem um casal com filhos que vivem a tal “vida perfeita”. A partir daí, o casal protagonista se questiona ainda mais. Além disso, o longa concorre a uma vaga no Oscar 2021 de Melhor Filme Estrangeiro.
Maternidade real
Na opinião de Fabiana Silva Costa, psicóloga, a ficção que não reflete a maternidade real em sua rotina ou a exalta como o único caminho para uma vida completa ajuda a fomentar um debate que já existe. Porém, é preciso ganhar mais espaço na sociedade.
Fabiana, que é especialista em terapia cognitivo-comportamental, reforça que as mulheres precisam realinhar suas expectativas.
“A maternidade ainda está sob uma aura cor-de-rosa. Quando colocamos uma criança na nossa vida, não temos férias, é o tempo todo lidando com novidades e demandas. A informação sobre a vida materna real facilita o processo, não vai tirar a dificuldade, mas vai trazer uma identificação. Há muito estresse e frustração.”
Comparação pode ser perigosa em maternidade real
Para ela, o filme “Quando a vida acontece” evidencia que a comparação é um recurso usual fora das telas. Porém, perigoso:
“O casal de amigos que conseguiu engravidar é mais feliz.”
Ou:
“A família que mora no andar de cima tem filhos mais educados e tranquilos.”
Mas a especialista alerta: nossas conjecturas sobre a vida do outro partem de uma fração muito limitada da realidade, escolhida a dedo para ser mostrada.
“É impossível não ter alguma expectativa e é natural projetar. Só que não convivemos com o outro 24 horas por dia, há um lado que existe e eu não tenho acesso. Minimizar as dificuldades pode levar a uma frustração grave capaz de abrir espaço para quadros de depressão.”
Ela aconselha a perguntar a outras mães diretamente qual a parte mais difícil. A partir disso, reúna ferramentas para lidar com possíveis frustrações. É o caso de investir em outras áreas da sua vida que merecem atenção. Ou seja, a felicidade não pode estar atrelada a ter filhos, é preciso desconstruir isso.
Dicas de outros filmes sobre maternidade real
“Tully” (2018) – Amazon Prime Video
Neste longa, Charlize Theron é mãe de três filhos, sendo um recém-nascido. Ela vive a maternidade real, que inclui estar sem ânimo, que demanda doação integral. À beira da depressão pós-parto, ela ganha a ajuda de uma babá para enfrentar essa fase difícil.
“Supermães” (2017) – Netflix
Série canadense, estrelada por Catherine Reitman, com pegada cômica. O enredo aborda os desafios da maternidade, como a readaptação da mulher à vida profissional e as mudanças na rotina do casal. Junto a outras amigas que são mães também, ela expõe o que nenhuma tem coragem de dizer sobre a vida materna.
“Turma do Peito” (2017) – Netflix
Série australiana que foca nas histórias de um grupo de mães de primeira viagem que divide as dores e as delícias desse novo momento. Amamentação, sexo pós-parto e muitos outros assuntos entram em pauta e que é protagonizado por Alison Bell.
“Olmo e a Gaivota” (2015) – Netflix
Dirigido por Petra Costa e Lea Glob, a mescla de documentário e ficção aborda a vida de um casal de atores que mora na França. Mas quando uma nova montagem de “A Gaivota” peça de Anton Tchekhov, passa a ser produzida pela trupe teatral dos dois. É quando a artista descobre estar grávida. A partir daí o foco vai em direção às dificuldades comuns da gestação, além do desafio psicológico que a mulher passa nesse momento de transformação.
“Como Nossos Pais” (2017) – Netflix
Assinado por Laís Bodanzky e estrelado por Maria Ribeiro, a atriz encarna uma mãe de família que não dá conta de equilibrar um casamento em crise, os desafios profissionais e a criação das filhas. Além disso, a produção coloca em pauta perspectivas da maternidade real em diferentes fases.
“Trying” (2020) – Aplee TV+
A série britânica tem humor leve e conta a história de um casal com dificuldades para engravidar. E ainda lidam com perguntas indiscretas de amigos e familiares sobre sua vida pessoal. Isso inclui as próprias frustrações e inseguranças e também definir os rumos de sua família. O casal é interpretado por Rafe Spall e Esther Smith.
”Mais Uma Chance” (2018) – Netflix
Enredo baseado em tentantes, ao contar a história de dois nova-iorquinos por volta dos 40 anos que não conseguem engravidar. Dirigido por Tamara Jenkins, e protagonizado por Kathryn Hahn e Paul Giamatti, o filme ainda aborda a relação deles no divã: qual o limite para correr em busca do sonho de ter filhos? Outros debates do longa inclui a doação de óvulos.
“Os Garotos da Minha Vida” (2001) – YouTube
Drew Barrymore é uma das protagonistas, que apresenta uma história com base em fatos reais. A perspectiva é da mãe jovem que precisa abrir mão de seus sonhos para poder criar o filho. São dilemas e decisões que as mães, independentemente da idade, encaram todos os dias. O filme também trata da ausência paterna na criação da criança.
“Gilmore Girls” (2000) – Netflix
Série americana do início dos anos 2000 e protagonizada por Lauren Graham e Alexis Bledel. Mas neste caso, o enredo aborda os desafios de uma mãe para criar a filha adolescente em uma cidade pequena. E ainda evidencia sua relação conturbada com os pais e que tenta dar o melhor de si para equilibrar todas as áreas da vida. Com sete temporadas, em 2016, a Netflix disponibilizou quatro novos episódios em “Gilmore Girls: A Year in the Life”.
*Foto: Divulgação