Mães aos 50 anos contam como é chegar a esta idade e ter que arcar com a responsabilidade de cuidar de um bebê
Ser mãe tardiamente envolve alguns desafios, além de lidar com a situação que ainda é vista como um tabu pela sociedade. Seja em relação aos riscos de uma gestação ou ao à saúde e disposição que a mulher terá de ter para acompanhar o ritmo frenético de uma criança. Neste artigo, vamos conferir a história de Madalena e Fátima, que decidiram encarar a maternidade quando estavam beirando os 50 anos.
Mães aos 50 anos – desafios
Madalena relata que deu à luz aos 52 anos e “muitos perguntam se eu sou mãe ou avó”. Ela conta que casou já na faixa dos 40 anos e “sabia que, caso engravidasse, precisaria de um acompanhamento médico”.
Porém, o tempo passou e a vida lhe apresentou outras situações para lidar.
“Eu, que já tinha um escritório de arquitetura, fui estudar também gastronomia e abri um bistrô. Tinha uma rotina bastante agitada, organizando eventos e dando aula em faculdade, quando resolvi embarcar na ideia de ser mãe. A essa altura, já estava com 48 anos.”
Para ser mãe ela teve de passar por um check-up. Isso porque anos antes ela realizou uma cirurgia bariátrica e, apesar de ter perdido peso, “ainda era obesa”.
Após um ano fazendo exames e com aval de seu médico, Madalena procurou uma clínica de reprodução assistida para saber quais as reais possibilidades ela tinha de engravidar.
“A equipe foi sincera comigo: como minhas reservas ovarianas estavam quase esgotadas, a chance era mínima, em torno de 1%. Ainda assim, quis fazer minha parte e topei iniciar o tratamento de fertilização.”
Uma microcirurgia pelo caminho
Entretanto, em meio ao processo, ela precisou fazer uma microcirurgia, chamada histeroscopia, a fim de corrigir um problema no útero. Na sequência, ela seguiu com o tratamento e conseguiu engravidar na primeira tentativa, de uma menina. A esta altura do campeonato, ela já estava com 51 anos. Sendo assim, ela sabia que precisaria tomar todos os cuidados possíveis.
“Fui acompanhada por uma hematologista, um cardiologista e pela minha obstetra. Passei os nove meses sem comer doces e carboidratos, para evitar diabete gestacional. Também diminuí bruscamente as minhas atividades, a fim de não correr riscos. Ao final, nossa filha, Maria Rita, nasceu com 38 semanas e perfeitamente saudável.”
Além disso, nos primeiros de vida de Maria Rita, Madalena percebeu que de fato havia feito a escolha certa. Ela relata que passou mais tempo em casa após o nascimento da filha.
“Eu já tinha ido para muitas festas, viajado para muitos lugares e estava tranquila em encarar essa fase.”
Limitação física
As mães aos 50 anos também levam em consideração que a principal limitação é a física, claro. Madalena conta que seu companheiro sempre esteve presente, dividindo as tarefas e isso foi essencial na criação da filha. Porém, ela acredita que “qualquer escolha tenha suas complexidades e essa foi a que encaramos juntos. Dentro do nosso núcleo, nunca tivemos problemas”.
Hoje, a arquiteta Madalena Albuquerque tem 58 anos e Maria Rita apenas 6, e vivem no Recife (PE).
Preconceito de amigos
No caso da personal trainer do Rio de Janeiro, Fátima Provençano e mãe de Benjamin, de 5 anos, “as pessoas diziam que eu estava fazendo uma grande bobagem”.
Ela conta que “aos 45 anos, decidi que iria ser mãe, mas as pessoas ao meu redor não aceitaram muito bem a ideia”.
Fátima recorda que sempre que tocava no assunto, além questionava se ela estava maluca. Isso porque ela já possuía uma muito estruturada.
Sobre isso, ela afirma:
“De fato: antes de me divorciar, havia passado 17 anos casada, sem o desejo de ter um filho. Nesse período, me desenvolvi como personal trainer, conquistei meus alunos e tinha bem estabelecida minha rotina como atleta amadora. As pessoas me diziam que tudo iria mudar.”
Diferente de Madalena, Fátima entrou aos 46 anos na fila de adoção. Já divorciada nesta época, “sabia que seria uma jornada difícil e que a minha probabilidade seria menor. Mesmo assim, participava de todas as reuniões e comparecia nas entrevistas.”
Sonhou com o futuro filho
Fátima chegou a sonhar com um menino pequeno e muito sorridente e que a abraçava. Ela chegava a acordar a imaginar que a criança já estava a seu lado.
No entanto, duas das tentativas deram errado, pois Fátima não poderia proporcionar condições a estas crianças, por se tratar de dois irmãos. Seria uma responsabilidade maior que não poderia arcar naquele momento.
Mas quando atingiu os 48 anos recebeu a então vitoriosa ligação. A descrição passada pela assistente social batia exatamente com a do menino que tanto aparecia em seus sonhos. Naquele instante ela sabia que ele era o filho que ela tanto idealizou.
“Quando fui buscá-lo, no abrigo, nossa conexão foi instantânea: ele, que tinha 1 ano e meio, se aconchegou no meu colo e dormiu. Hoje, o Benjamin tem 5 anos e sou casada com a Vanessa, que topou encarar essa experiência ao meu lado.”
Apesar de estarem muito felizes, Fátima não romantiza a maternidade e “em especial quando você já está passando pela menopausa e todas as mudanças físicas que ela proporciona”.
A mãe e personal trainer finalizou seu relato dizendo que quando se tornou mãe todas as suas dúvidas sumira. E “se um dia me questionei se poderia amar incondicionalmente uma criança, sem ao menos passar pela preparação da gestação, hoje tenho certeza de que sim”.
Ela também incentiva outras mulheres que tenham este desejo de serem mães aos 50 anos “a escutarem suas vontades, independentemente do que os outros digam”.
*Foto: Divulgação