Janeiro Branco traz consciência às pessoas, especialmente sobre reflexos da pandemia, que gerraram impactos nas mulheres mais sensíveis a transtornos psiquiátricos; prevenção favorece diagnóstico precoce para mamães e bebês
Todo início de ano, em relação à saúde e bem-estar é marcado pelo janeiro Branco. Isto se concretizar na forma de campanha de conscientização, que aborda o tema que ganhou maior relevância durante a pandemia de covid-19, período de grandes impactos emocionais. Além disso, gestantes e puérperas são ainda mais sensíveis a esses impactos. É o que revela Patrícia Melker, Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital e Maternidade Sepaco.
“É muito importante falar desse tema olhando para essa população específica, que está em maior vulnerabilidade emocional, necessitando se adaptar a vários novos aspectos. Ainda somos afetados por fatores exacerbados durante os últimos anos, como estresse, medo e isolamento. Tanto as mulheres que estão nessa fase quanto suas redes de apoio, em grande parte formadas pelos avós do bebê, foram públicos de maior risco para a doença.”
Janeiro Branco – transtornos em gestantes
Contudo, entre os principais transtornos que atingem as mulheres gestantes ou que acabaram de ter seus filhos estão: a baby blues (tristeza puerperal ou disforia puerperal), que acomete entre 50% a 80% das mulheres, e a depressão pós-parto, explica a psicóloga.
“Em nossa cultura, existe a crença de que a maternidade é um acontecimento repleto de felicidade, plenitude, e muitas vezes assim ocorre. Mas não é uma verdade absoluta e universal. Até por uma pressão cultural e social, esse público não encontra espaço para expressar seus sentimentos como medos e ansiedade, principalmente por temerem ser julgadas e rotuladas.”
Entenda os principais transtornos
Baby blues
A condição de baby blues refere-se a um estado mental de instabilidade emocional, de curta duração e de remissão espontânea, com início geralmente após o terceiro ou quarto dia do parto e término em aproximadamente duas semanas.
“No baby blues estamos diante de uma mulher que está lidando com uma nova situação e que apresenta sintomas como choro fácil, irritabilidade, tristeza (de forma flutuante e não persistente) e dificuldade de concentração, que estão relacionados principalmente à privação de sono e às alterações hormonais da mulher no puerpério.”
Depressão pós-parto
Trata-se de um quadro mais preocupante, com início no nascimento do bebê. Pode incluir sintomas como tristeza mais permanente, perda de apetite, abatimento, insônia, perda de interesse sexual, ideação suicida, entre os principais. São fatores de risco os conflitos conjugais, solidão, histórico familiar de doenças mentais, antecedente pessoal de depressão, uso de drogas/álcool, gravidez não planejada, gestação na adolescência, risco obstétrico, entre outros.
“A depressão pós-parto é um problema de saúde pública, por vezes subestimada e julgada. Porém, pode acometer mulheres de todas as classes sociais, de diferentes faixas etárias. Além disso, pode afetar as primeiras interações entre mãe e bebe – na capacidade de perceber os sinais do filho, de protegê-lo, acolhê-lo e estimulá-lo -, tão importantes para o desenvolvimento infantil e, em especial, para o desenvolvimento psíquico da criança. Quanto antes a depressão for identificada, e os tratamentos iniciados, menor as sequelas emocionais.”
Prevenção com a campanha Janeiro Branco
Por outro lado, uma das formas de prevenção em relação ao desencadeamento de transtornos mentais no puerpério ou para a detecção precoce deles está no pré-natal multidisciplinar. Isso inclui consultas com especialistas, como psicólogos. O serviço é oferecido no Hospital e Maternidade Sepaco, referência em especialidades pediátricas, medicina fetal e alta complexidade em São Paulo com destaque no ranking World’s Best Specialized Hospitals 2022, acrescenta a psicóloga Patrícia Melker.
“A abordagem psicológica no pré-natal é um instrumento para proporcionar espaço de acolhimento e escuta emocional para a gestante. A realização de acompanhamento psicológico durante a gestação e puerpério na presença desses fatores de risco, pode contribuir para uma vivência mais saudável dessa fase de vida, além de prevenir distúrbios emocionais.”
Pessoas otimistas
Por fim, fica a reflexão que estar ao lado de pessoas otimistas, tolerantes a frustrações, bem humoradas, com autonomia e boa autoestima ajuda. E tudo isso somado a uma rede de suporte e apoio à mulher – seja ela mãe de primeira viagem ou não, pois cada gestação é única.
*Foto: Depositphotos