O número de bebês nascidos no DF foi de 42.761 entre março e dezembro de 2020, conforme dados da Secretaria de Saúde
Em meio à pandemia de Covid-19, muitas mães só sossegavam quando puderam pegar seus filhos recém-nascidos nos braços. Isso tanto no Distrito Federal, quanto em outras localidades do Brasil.
Bebês nascidos no DF
Entre março e dezembro de 2020, 42.761 bebês vivos nasceram no DF, conforme dados da Secretaria de Saúde. Segundo a infectologista Joana D’Arc Gonçalves, o parto é um momento de grande exposição tanto aos pacientes quantos aos profissionais de saúde:
“O serviço de saúde tem tentado fazer o que é possível, mas para quem está nesse local, o risco é maior.”
Ela ainda acrescenta:
“Tem também a questão da acomodação, do alojamento conjunto da mãe e do bebê e de outras mães. Para manter o isolamento é bem complicado nesse momento.”
Adaptação
Por esta razão, as equipes tiveram que se adaptar a este período tão delicado. Sendo assim, todos os casos suspeitos e confirmados de mulheres com Covid-19 foram direcionados ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). No mês de fevereiro, com o nascimento de dois bebês gêmeos que estavam no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com Covid-19, eles foram transferidos para o Hran, mas tiveram alta logo.
Ao longo do último ano, 12 maternidades públicas do DF se adequaram à crise sanitária. Além disso, as mulheres passaram a ter direito a apenas um acompanhante que estivesse sem sintomas de gripe. Já os turnos de acompanhamento passaram de seis para 12 horas. Tudo isto para reduzir o contato entre pacientes e profissionais. Visitas também foram suspensas.
Sonhos concretizados num período difícil
Apesar da crise na saúde, muitas histórias curiosas de gravidez despontaram em todo o país e também no DF. É o caso de Ludimira Silva, 33 anos, que em junho passado descobriu estar grávida de Miguel. Com isso, ela realizou “o sonho de ter um casal de filhos”, recorda.
Ela, que já era mãe de Laís, de 7 anos, destaca que na segunda gravidez as sensações foram diferentes:
“É uma sensação muito diferente do primeiro filho. Com essa pandemia, estou mais com esse instinto de cuidar, de proteger.”
Miguel nasceu em 22 de janeiro, de parto normal.
“Quando o colocaram em cima de mim, fiquei muito emocionada, era bem pequenininho. A palavra que me definiu foi gratidão. Até hoje olho para ele e penso: será que é meu mesmo?”.
À espera da cesárea
Outro caso de bebês nascidos no DF nos últimos meses é o da turismóloga Laurene Nascimento, 37. Ela já estava dentro do carro, pronta para sair de casa, em Taguatinga, rumo à Asa Norte. A gestação de seu terceiro filho, Samuel, já chegara a 39 semanas e estava previsto para ele vir ao mundo às 6h40 do dia 6 de dezembro. Porém, ele só chegou após às 15h. Apesar do susto, sua pediatra disse que assim que Samuel nascesse o colocaria em seu colo.
Quando voltou à enfermaria, Laurene só pensava no desejo de voltar logo para casa com seu filho:
“No quarto, tinha um banheiro que era compartilhado, eu queria ir embora logo, pois tinha medo de o Samuel pegar a covid.”
Pós-parto de bebês nascidos no DF
Já no caso da estudante Allice Souza, 26, ela teve preocupação de pesquisar bem onde teria seu primeiro filho, até optar pela Maternidade Brasília.
“Liguei em todas as maternidades de Brasília para saber os procedimentos, lá me senti acolhida.”
Ela conseguiu ter um parto humanizado, já se preparando horas antes, ainda em casa, quando teve o instinto de que Davi nasceria a qualquer momento.
“Foi 100% humanizado, meu namorado estava comigo o tempo todo, as mensagens não paravam de chegar no celular, uma rede de apoio é essencial nessas horas.”
Agora, Allice já tem até planos para o filho pós-pandemia:
“Quero muito poder viajar com ele para praia ou hotel fazenda, sempre fui de rua. Ir ao Parque da Cidade ou Jardim Botânico, pegar um sol, ver gente, sentar em um lugar tranquilo e aproveitar a tarde sem ter que pensar se tem gente espirrando por perto. Quero poder ficar em paz.”
*Foto: Divulgação/Minervino Junior