Gestação e pós-parto, segundo índices, a depressão pode ser elevada durante esses períodos, porém, existem tratamentos seguros para garantir a qualidade de vida nessas fases
Ao anunciar uma gravidez, muitas mulheres recebem muitas felicitações e chegam até a ouvir que esse é o momento mais sublime de suas vidas. A expectativa é a de que elas irradiem alegria e gratidão. No entanto, é fundamental lembrar que essa não é a realidade para todas as futuras mães. A jornada da maternidade costuma ser apresentada como um filtro cor-de-rosa. E tal idealização acaba excluindo as mulheres que encaram sofrimentos psíquicos nessa fase.
Gestação e pós-parto
Em suma, o período entre gestação e pós-parto poddui a maior prevalência de transtornos mentais na vida da mulher. Neste caso, a depressão está bastante presente. Durante a gravidez, até 25% das mulheres têm sintomas compatíveis com um quadro depressivo, mas apenas uma em cada cinco busca ajuda profissional.
Lenda do passado
Por outro lado, existe um estigma que inibe as gestantes a procurar apoio, e uma das razões é que, no passado, acreditava-se numa falsa noção de que a gravidez estaria protegendo a cabeça da mulher. E ainda existe a crença, que persiste até hoje, de que os tratamentos para depressão e outras doenças possam fazer mal ao bebê.
Psicoterapia
Contudo, tal ideia está bem distante da realidade. E neste caso, a psicoterapia, por exemplo, é um tratamento efetivo de primeira linha. Isso porque ela é pautada em evidência científica. Portanto, ela pode ser recomendada a gestantes por ser praticamente livre de contraindicações. Até nos casos mais graves, que requer o uso de medicamentos antidepressivos, não devem ser desamparadas. Os dados atuais são bastante tranquilizadores quanto aos riscos, e um profissional atualizado não terá dificuldade em encontrar boas opções farmacológicas.
Depressão materna
Além disso, a depressão materna não tratada está relacionada a complicações perinatais, pré-eclâmpsia, necessidade de UTI Neonatal e até abortamento espontâneo – e também do maior risco de depressão pós-parto.
De fato, um transtorno depressivo pós-parto é uma grande preocupação. Até 85% das mães têm o que chamamos de “blues” puerperal nas primeiras semanas. É um quadro mais leve, mas que também traz choro fácil, ansiedade, irritação, insônia e sentimentos de inadequação. É um momento de adaptação que, apesar de melhorar logo, merece suporte familiar e profissional.
Depressão pós-parto
Todavia, a depressão pós-parto, que ocorre em mais de 25% das brasileiras, é mais grave e precisa de tratamento. Vale ressaltar que não é impossível medicar quem amamenta. Há diversas opções seguras, que nos permitem evitar consequências graves e persistentes da doença, como o comprometimento do aleitamento e do desenvolvimento infantil, da formação do vínculo entre a mãe e o bebê e da própria dinâmica familiar.
Processo natural
É preciso exergar a maternidade como um processo natural, biológico e que faz parte do ciclo de vida feminino, sem desafios à sua volta, e que não passa de uma romantização patriarcal, que estigmatiza a mulher em um momento muito delicado física e emocionalmente.
Saúde mental
Por fim, ter atenção à saúde mental materna é essencial, e deve ser uma responsabilidade social coletiva, compartilhada por profissionais e pacientes, com foco no combate à estigmatização e no acesso ao cuidado. Atualmente, deixar uma gestante ou puérpera deprimida sem o devido tratamento é inadmissível.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/periodo-pos-natal-com-mae-e-filho_19121802