Estrias na gravidez não aparecem em toda gestante, mas quando surge, geralmente, são em mulheres mais jovens
Nem sempre uma gestante terá estrias na gravidez. O surgimento das marcas está associado a algumas condições. São elas: idade, estrutura da pele, ganho de peso na gestação e diabetes gestacional, entre outros.
Estrias na gravidez – como surgem
De acordo com Patrícia Mafra, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e acompanhamento do Serviço de Ginecologia e Sexologia do Hospital Mater Dei:
“A estria é uma atrofia do tecido, uma espécie de cicatriz deprimida na pele que surge quando as fibras elásticas e colágenas (responsáveis pela firmeza e sustentação da pele) se rompem.”
Ela ainda complementa.
“Elas aparecem quando há um crescimento rápido e abrupto da pele em determinadas regiões do corpo, como ocorre na região abdmoninal e nas mamas durante a gestação.”
Marcas aparecem mais em grávidas jovens
Além disso, ao contrário do que se imagina, as estrias aparecem mais em grávidas jovens. Neste caso, Patrícia explica:
“Vale ressaltar que as mulheres que engravidam em uma idade mais avançada, em geral, têm menos tendência ao surgimento das estrias, pois as mais jovens apresentam uma pele mais firme e que sofre mais com o estiramento dos tecidos.”
À medida que se envelhece, a perda de colágeno é comum e resulta em uma flacidez. Portanto, ela possibilita que a pele se estique mais sem o estirão. Sobre isso, o dermatologista Cristiano Horta reforça:
“Alguns estudos já destacam que estrias gravídicas são significativamente mais comuns em mulheres em idades mais jovens.”
Cuidados diários
Embora não tenha uma causa única para o surgimento das estrias, é necessário criar hábitos para reduzir seu aparecimento. Tais medidas começam antes da gravidez. Ou seja, manter hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, fortalecimento da musculatura, alimentação balanceada. Tudo isso para manutenção do peso. E durante a gestação essas práticas são essenciais, alerta Cristiano:
“Manter a prática de exercícios durante esse período, com a permissão do médico, ajuda a aumentar a força do músculo abdominal, reduzindo o estresse e a tensão na pele abdominal causada pelo útero, além de contribuir para o controle do peso também.”
Patrícia reforça que estes cuidados são capazes de evitar que a pele sofra grandes distensões.
Cremes hidratantes e anti-estrias
Segundo Cristiano Horta há vários estudos que mostram que a utilização de qualquer produto (emoliente e/ou umectante) é melhor do que não utilizar nada na pele da grávida. Além disso, optar por produtos anti-estrias é melhor que um produto qualquer. Ele afirma que “alguns ingredientes ativos específicos são ainda melhores”.
Confira os ingredientes que é preciso conter na formulação de um creme anti-estrias:
- Centella Asiática: atua no estímulo dos fibroblastos e inibe a atividade dos glicocorticóides (hormônios que favorecem o surgimento das estrias).
- Óleo de rosa mosqueta: rico em ácidos graxos poli-insaturados e tem alta capacidade hidratante e de regeneração dos tecidos.
- Silício orgânico: é um componente estrutural dos tecidos conectivos.
- Óleo de amêndoa: possui propriedades hidratantes e existem algumas evidências (fracas) de que quando associado à massagem pode ser eficaz na prevenção e na redução da gravidade das estrias.
- Ácido hialurônico: há algumas evidências (fracas) de que cremes contendo esse ativo possam prevenir a estria gravídica.
Mais quais cremes devem ser evitados?
Entretanto, alguns ativos presentes em cremes corporais devem ser evitados durante a gravidez, alerta Patrícia Mafra:
“É o caso dos ácidos retinóico e glicólico, que podem ser usados como adjuvantes no tratamento das estrias, mas não durante a gestação. Isso porque não há comprovação de que eles são totalmente seguros para o feto.”
Ela ressalta ainda que há um componente em cremes anti-estrias que só deve ser usado a partir do segundo trimestre da gestação, que é a ureia. Isso porque como no primeiro trimestre é i momento em que acontecem as maiores formações do bebê, o ideal é evitar produtos que não apresentem 100% de segurança comprovada nesse período.
Já Cristiano destaca a tretinoína quem embora mostre ser promissora, ela é um ativo que só deve ser utilizado após a lactação.
A hora certa
Em contrapartida, com o avanço da tecnologia, outros tratamentos estéticos surgiram para minimizar as estrias. São elas: microdermoabrasão, radiofrequência, microagulhamento, vários tipos de luzes e laser – como o laser corante pulsado (dye laser), excimer laser, luz intensa pulsada e Nd:YAG. E recomenda-se uma consulta com um dermatologista durante a gestação.
Por fim, Cristiano afirma que quando a mulher engravida, ela deve se preocupar desde o início da gestação.
“Indicamos aplicar pelo menos duas vezes ao dia por pelo menos 85% do período gestacional. E vale a pena destacar que no período pós-parto os tecidos estão se reorganizando e, por isso, também é importante cuidar da pele, para que ela se recupere da melhor forma possível.”
*Foto: Divulgação/Depositphotos