Dieta e fertilidade é tema do podcast ‘De bem com você’
Quando um casal decide ter filhos há diversas dicas de leituras, procura por especialistas com a finalidade de tornar este momento menos complicado. Isso porque nem todas as mulheres engravidam com facilidade. Sendo assim, algumas decidem procurar tratamento quando não consegue engravidar naturalmente.
De acordo com ginecologista e obstetra Beatriz Truyts (especialista em reprodução humana), dieta e fertilidade podem caminhar junta. Neste caso, ela diz que uma alimentação mais equilibrada e focada pode resultar em uma gravidez com mais saúde.
A profissional, mais as participantes Cris Dias e da nutricionista Natalia Barros (especialista em fertilidade e gestação) conversaram sobre fertilidade e alimentação em mais um episódio da segunda temporada do podcast ‘De bem com você’, da empresa Vitat.
Dieta e fertilidade como aliadas das tentantes
Pelo fato dos brasileiros terem adiado cada vez mais a decisão de constituir uma família, ter um bom plano para este momento é fundamental. Segundo o IBGE, é cada vez maior o número de mulheres que decidem serem mães depois dos 30 anos. Em 2019 o índice era de 37,5% daquelas que engravidaram e que já tinham ultrapassado essa idade.
Além disso, de 2009 a 2019, cresceu 63,6% o número de mães de 35 a 39 anos — e ele só tende a aumentar.
Qual a melhor dieta?
Uma dieta pode potencializar a fertilidade. Entretanto, isso não quer dizer que há alimentos ruins e bons para quem deseja engravidar. Neste caso, o ideal mesmo é pensar no cardápio como um todo, diz a nutricionista Natalia Barros:
“Isso porque ao se preocupar com a saúde, você estará cuidando das suas células, dos seus óvulos e dos espermatozoides (no caso dos homens).”
Ela ainda diz que apesar de ter estudos sobre a dieta mediterrânea, rica em peixes (fontes de gorduras boas), vegetais e ingredientes antioxidantes, “no geral, uma alimentação in natura, menos processada e industrializada e com fontes de gorduras saudáveis vai favorecer o funcionamento do seu organismo e combater a ação dos radicais livres (e, consequentemente, prevenir o envelhecimento celular)”.
Por outro lado, a nutricionista afirma que o fator de risco para uma infertilidade está associado ao passar do tempo.
“Fisiologicamente falando, nosso ápice reprodutivo estaria entre 22 e 25 anos. Aos 30, já começa a haver um declínio do potencial reprodutivo, e aos 35, esse declínio é ainda mais abrupto (cerca de 80% da reserva ovariana já foi embora).”
Gordura trans
Já a gordura trans (presente em itens ultraprocessados) reduz a espermatogênese (processo de fabricação dos espermatozoides pelo corpo). E o mesmo vale para os chamados disruptores endócrinos, encontrados no plástico, em agrotóxicos e em outros produtos químicos.
As tentantes também devem buscar o equilíbrio entre quatro pilares para potencializar ainda mais a chance de engravidar: alimentação, atividade física, saúde mental (e sono) e suplementação de vitaminas (caso necessário). Sobre isso, Beatriz Truyts explica:
“Casais ativos são mais bem-sucedidos até nas respostas a tratamentos de reprodução assistida. E mulheres obesas têm 20% menos chances de engravidar. Por fim, a melatonina (o hormônio do sono) tem receptores nos ovários, enquanto o estresse pode gerar um desequilíbrio dos hormônios sexuais.”
Suplementação para dieta e fertilidade
Há nutrientes fundamentais durante o processo de gestação e requer quantidades adequadas. Eles contribuem para o desenvolvimento do bebê até após seu nascimento. Mas em alguns casos também existe a necessidade de suplementar, e só o médico e os exames de sangue poderão dizer.
Vitaminas e minerais mais importantes:
- Ácido fólico;
- Coenzima Q10;
- Vitaminas do complexo B;
- Ômega-3;
- Vitamina A;
- Vitamina E.
Natalia alerta:
“A suplementação não substitui uma alimentação saudável. Na suplementação, a gente consegue atingir doses maiores para casos e condições específicos. Mas ela, isoladamente, não faz milagre.”
E uma dieta balanceada também ajuda a manter nossa microbiota intestinal saudável, local onde são absorvidos os nutrientes.
Alternativas para tentantes
Apesar das decisões tardias, com mais de 35 anos, também vem aumentando a procura por tratamento para engravidar, afirma a médica.
“São mais de oito milhões de bebês no mundo que nascem com a ajuda da ciência por ano (um crescimento de 168%).”
Neste caso, começa uma investigação sobre as possíveis causas da infertilidade (para a mulher e para o homem), revela a nutricionista.
“Nos homens, a infertilidade está muito relacionada à fragmentação do DNA (gerado pelo estresse oxidativo). Então, no caso deles, a gente pensa em uma dieta mais antioxidante possível, no controle do estresse, na prevenção da obesidade e em quantidades adequadas de zinco e cálcio.”
Por fim, vem a melhor forma de tratamento de reprodução assistida: congelamento de óvulos ou embriões (quem não tem o plano de engravidar tão cedo), fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozoides, inseminação intrauterina.
*Foto: Depositphotos