Crianças com síndrome de Down podem desenvolver a memória visual e a coordenação motora dos alunos
A síndrome de Down é uma condição genética que resulta da presença de três cópias do cromossomo 21 em todas ou na maioria das células de um indivíduo em vez das duas cópias habituais. Desse modo, pessoas com essa condição possuem 47 cromossomos em suas células, enquanto a maioria da população tem 46.
Crianças com síndrome de Down
Sendo assim, as crianças com síndrome de Down contam com uma construção genética distinta, que inclui características físicas. Além disso, elas também enfrentam desafios no desenvolvimento cognitivo. Portanto, tais fatores precisam ser considerados durante o processo de aprendizagem.
De acordo com a pedagoga do Centro de Atendimento Educacional Especializado da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Campo Grande (MS) Elizabete Sabino da Silva:
“O mais importante dentro da alfabetização da criança com Down é fazer com que ela se sinta capaz de superar as suas dificuldades e potencializar as habilidades que ela já tem. Para isso, é fundamental que o professor tenha alguma formação em educação especial.”
8 dicas para alfabetizar alunos com síndrome de Down.
Veja abaixo as oito recomendações:
1 – Identifique o campo de interesse da criança
Conhecer temas e atividades de interesse da criança com síndrome de Down ajuda a mantê-la motivada durante a alfabetização. Com isso, pode-se perguntar diretamente a ela ou também sondar os responsáveis, explica Silva. “A partir dos temas, trabalhe com imagens coloridas e desenhos para iniciar essa alfabetização, ou com alguma atividade que seja mais do gosto dela, por exemplo, pintura com tinta, com imagens reais etc.”, ilustra.
2 – Evite o método fônico
Nessa técnica, a instrução começa com a abordagem das vogais, com foco inicial na forma e no som, depois com as consoantes. Cada letra (grafema) é ensinada como um som (fonema), que – quando combinado com outros fonemas – pode formar sílabas e palavras.
“O método fônico ou fonético não surte efeito porque, geralmente, a criança com síndrome de Down apresenta déficits significativos na fala. Então, o mais indicado é mudar a abordagem e trabalhar com letras e imagens”, afirma Silva.
3 – Explore o método ABACADA
Além disso, a criança portadora da síndrome apresenta boa memória visual, o que pode ser explorado no processo de alfabetização. Pedagoga da Apae Curitiba, Margareth Terra Alcântara relata o sucesso do uso do método ABACADA no ensino de crianças com deficiência intelectual. Ele consiste em ensinar a criança a associar sílabas a diferentes imagens até formar palavras.
“Por exemplo, ‘BA’ sendo ilustrado pela imagem de uma banana, ‘CA’ por um cachorro e, assim, sucessivamente. Para formar a palavra, a criança faz associações de acordo com a imagem aprendida inicialmente, ligando uma sílaba a outra”, reforça a professora alfabetizadora Lilian Cibele Vargas no artigo “Método ABACADA e a sua importância na rotina de aprendizagem das APAE’S” (2023).
4 – Trabalhe com palavras inteiras
Após apresentar as sílabas e seus respectivos objetos, o próximo passo é construir palavras inteiras.
“Por exemplo, apresente a palavra inteira ‘avião’ com uma imagem desse objeto. Assim, a criança vai associando a escrita e o nome do objeto à sua respectiva imagem”, recomenda Silva.
5 – Fortaleça a coordenação motora da criança para depois iniciar a escrita
Um indivíduo com síndrome de Down geralmente apresenta hipotonia muscular, ou seja, os bebês nascem mais “molinhos” e com ligamentos mais flexíveis. “A malemolência dificulta a realização do movimento de pinça para pegar o lápis”, explica Silva.
Sendo assim, antes de iniciar um processo de escrita, vale investir em atividades e brincadeiras que ajudem na coordenação motora. O Movimento Down recomenda:
- atividades como desenhar em superfícies grandes;
- colocar contas em um fio, diminuindo o tamanho e espessura delas progressivamente;
- brincar de carrinho de mão, com as mãos no chão e outra pessoa segurando os pés, para ajudar a desenvolver a força muscular nos membros superiores, entre outros.
6 – Adapte materiais de escrita
Por conta da dificuldade de fazer o movimento de pinça, lápis e borrachas devem ser adaptados. “Utilize lápis mais grosso ou passe fita, esparadrapo e EVA [placa emborrachada e flexível], para que a criança consiga pegar nele com mais facilidade”, orienta Silva.
7 – Brinque com letras
Além da escrita com lápis, que pode ser desafiadora para a criança, o Movimento Down recomenda brincar com o aluno usando letras recortadas de revistas, carimbos, letras de plástico, letras magnéticas, entre outras possibilidades.
8 – Use situações do dia a dia para estimular a escrita
Por fim, o Movimento Down recomenda também usar situações do dia a dia da criança, e do seu interesse, para motivar a escrita. Um exemplo é chamar a criança para escrever o cartão de aniversário para um parente ou um amigo, assim como fazer uma lista dos seus brinquedos e brincadeiras favoritos ou até mesmo ajudar os responsáveis com uma lista de supermercado.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/oficina-de-desenho-com-criancas-com-sindrome-de-down_7088358.htm#fromView=search&page=1&position=16&uuid=c46aa1b2-04de-4d50-8cbf-45f1f87ec3cc