Congelamento de óvulos, segundo Juliana Aoyagui, que extraiu 30 óvulos, ela ficou com dores por pelo menos dois meses; entenda o caso
A contadora Juliana Aoyagui, assim que completou 34 anos, tomou uma importante decisão com relação à maternidade. Na época, ela ainda não tinha certeza se queria ter filhos. Sendo assim, optou por congelar seus óvulos. Contudo, o que ela não esperava era que após o processo enfrentaria um verdadeiro pesadelo. Recentemente, em entrevista à revista CRESCER, a profissional conta que extraiu 30 óvulos e ficou com dores por pelo menos dois meses. “Fiquei muito inchada e dolorida, parecia uma mulher recém-parida”, recordou ela.
Congelamento de óvulos
Juliana realizou o procedimento de congelamento de óvulos no dia 5 de setembro de 2023 após refletir prós e contras da maternidade. “Entre as mulheres da minha geração, esse recurso se tornou mais plausível tanto pelo acesso à informação quanto pela questão financeira. Levei o tema para a minha ginecologista e ela me encorajou muito. A analogia que usam é de uma poupança: você pode ou não usar e dependerá de quando e quanto conseguirá acumular”, disse a contadora, que mora em São Paulo.
Reprodução assistida
Após se consultar com um especialista em reprodução assistida, Juliana iniciou o processo de congelamento de óvulos e mal sabia o pesadelo que enfrentaria daquele momento em diante. “Existe uma condição chamada de hiperestimulação, quando os ovários produzem mais óvulos do que o esperado. Quando a mulher tem a síndrome do ovário policístico as chances de entrar nesse quadro são maiores e foi o meu caso: produzi e extraí 30 óvulos, sendo que um bom resultado já é algo entre 18 e 22 (18 foi o número que o médico contou no ultrassom pré-punção)”, ela revelou.
Dores começaram
Após o procedimento, Juliana sentiu muita dor do lado direito, com dificuldades inclusive para andar, o que a deixou muito preocupada. Ela chegou a fazer um ultrassom. Porém, os resultados dos exames não apontaram nenhuma anormalidade como a torção ovariana, quando o ovário ou a trompa giram sobre o próprio eixo, o que interrompe a passagem do fluxo sanguíneo para esses órgãos. Pode ocorrer com qualquer mulher. Contudo, as condições como cistos, tumores ou estimulação de folículos podem aumentar as chances por conta do aumento do volume dos órgãos. Entre os principais sintomas da torção ovariana está a dor súbita, intensa, aguda e unilateral, na região abaixo do abdômen.
Embora os resultados dos exames não tenham mostrado alguma condição clínica, Juliana passou dois meses sentindo dor. “Foi uma experiência muito ruim física e psicologicamente. Me questionei, me culpei por ter forçado meu corpo de forma tão artificial. Era para ter “resolvido” um problema e criei outro”, ela desabafou.
Descaso dos profissionais
De acordo com a contadora, há um descaso dos profissionais da saúde em relação à dor da mulher. “Eu acho que existe um grave problema de conduta e consciência na classe médica com relação a dor feminina. Ela é diminuída, menosprezada, ignorada”, ela afirmou. Mesmo que os exames não tenham apontado nada, a profissional diz que deveria haver uma investigação médica mais aprofundada com realização de uma ressonância e tomografia. “Eu senti muita dor por muito tempo”, disse ela.
Por fim, diante de sua experiência, Juliana decidiu alertar outras mulheres. “Hoje, temos mais informações e condições para o planejamento da nossa vida fértil, mas, ao mesmo tempo, não podemos nos enganar achando que é um procedimento simples e rápido. Sei que cada corpo reage de uma forma, mas os médicos estão mercantilizando demais o procedimento. Precisamos receber mais informações sobre o pré e pós-procedimento, o que pode ocorrer, o que não é normal, sermos acolhidas e amparadas de forma decente”, ela destacou.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/belo-conceito-de-fertilidade-em-renderizacao-3d_21535846