Vacina anticocaína teve pesquisa inédita publicada na revista Molecular Psychiatry; e experimentos demonstram que o medicamento é capaz de inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação
No mês de agosto a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) apresentou o uso de uma possível vacina anticocaína, desenvolvida na universidade. Esta pode ser uma alternativa de proteção à grávidas e seus bebês durante a gestação e amamentação.
Vacina anticocaína
Além disso, em uma pesquisa inédita publicada na revista Molecular Psychiatry, do grupo Nature, também de agosto, constatou que experimentos demonstram que medicamento, que está em fase pré-clínica, é capaz de inibir os efeitos da cocaína no cérebro durante a gestação e a amamentação.
Quadros graves
O uso da cocaína na gravidez tem relação com quadros graves. E isso tanto na gestante quanto no feto. Há consequências que persistem ao longo da vida na criança. Portanto, é considerado um problema de saúde pública.
Contudo, os resultados inovadores da pesquisa podem oferecer uma nova e inédita forma de prevenção a esses efeitos. Os responsáveis pela vacina anticocaína são pesquisadores da Faculdade de Medicina, do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas e da Faculdade de Farmácia. Agora, eles estão em busca de recursos para a realização das próximas fases da pesquisa.
Programa Conexões
Nesta semana, o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, recebeu um dos pesquisadores, o professor Frederico Garcia. Ele pertence ao Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG. Em declaração à jornalista Luíza Glória, ele explicou porque este assunto é um caso grave de saúde pública.
“Muitas usuárias de cocaína ficam grávidas e acabam expondo os bebês às consequências da droga. É uma quantidade muito grande de mulheres usuárias, que vão gerar efeitos nos seus filhos, e que vão perdurar por bastante tempo.”
Ele também mencionou que a vacina é um benefício importante.
“Nessa situação, a gente mudaria a vida dos nossos pacientes e da próxima geração. É um benefício muito importante que a gente está tentando desenvolver e oferecer para elas.”
Financiamento
Por outro lado, Garcia afirma sobre a dificuldade de obter financiamento para o estudo. E ainda houve a redução do investimento em ciência no Brasil.
“Existe essa falsa ideia de que a dependência [química] é um desejo do sujeito, e não uma doença propriamente dita, como já se caracterizou muito bem.”
Participantes do estudo da vacina anticocaína
Participaram do estudo da vacina anticocaína os professores do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG: Frederico Garcia e Maila de Castro, a professora da Faculdade de Farmácia da UFMG Gisele Goulart, o professor do Instituto de Ciências Exatas Angelo de Fátima. Além dos pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (Naves) Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo e Karine Reis.
*Foto: Divulgação/Depositphotos