Hipertensão gestacional hoje é a principal causa de mortes entre mulheres na gravidez
De acordo com informações do Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, a hipertensão gestacional foi a principal causa de morte materna entre os anos de 1996 e 2018. Na sequência aparecem a hemorragia, infecção puerperal e aborto.
Morte materna
A morte materna é o óbito de uma mulher durante a gravidez ou até 42 dias após o seu término. E isso independente da duração ou da localização da gestação.
Além disso, o mesmo estudo pontua altos patamares contabilizados no Brasil. Apenas em 2018, para se ter uma ideia, o país registrou 59,1 óbitos de gestantes para cada 100 mil nascidos vivos. Esta é uma meta muito acima da firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2015 era de 35 mortes.
Hipertensão gestacional
A hipertensão gestacional tem relação com complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto. Isso porque quando a pressão está alta, ela provoca um esforço maior do coração para que o sangue se distribua corretamente pelo corpo. Portanto, é de extrema importância que a gestante faça a aferição dos níveis pressóricos a cada consulta médica.
DHEG
A Doença Hipertensiva da Gravidez (DHEG) é decorrente do aumento da pressão arterial (igual ou maior que 140 x 90 mmHg), após a vigésima semana. Mas ela está associada à lesão de algum órgão alvo, como os rins, fígado, cérebro, coração, entre outros.
Por outro lado, o perigo da DHEG ocorre, na maior parte das vezes, por ser assintomática. Segundo o coordenador médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein, Romulo Negrini:
“Apenas apresenta sintomas em casos graves, como cefaleia occipital, efeitos gástricos ou alterações da visão em casos de iminência de convulsões.”
Sangramentos em mucosas e icterícia em lesões avançadas do fígado
Além disso, a hipertensão gestacional também pode provocar sangramentos em mucosas e icterícia em lesões avançadas do fígado. E também dor na parte superior do abdome, quando o fígado está na iminência de romper.
Idades extremas e primeira gravidez
Contudo, a DHEG é mais comum em idades extremas e na primeira gravidez. O risco é 2,9 vezes maior em pessoas com histórico familiar. Porém, não há ainda uma comprovação de fator genético. Sendo assim, as causas não possuem definição, alerta Negrini.
“O que se acredita é que uma rejeição imunológica da mãe a alguns antígenos presentes no concepto dificulte a adequada invasão da placenta no útero. E, consequente, aumento de substâncias responsáveis pela elevação da pressão arterial.”
Consequências da hipertensão gestacional
Quando a mulher tem uma hipertensão gestacional há graves riscos tanto para ela quanto para o feto. No caso da mãe, pode gerar convulsões, insuficiência renal, acidente vascular cerebral, anemia, insuficiência cardíaca e sangramentos. E justamente por isso, o perigo se estende ao bebê, pois ele passa a receber este sangue em menor quantidade pela placenta mal inserida. Em alguns casos, ele pode ir a óbito por falta desses nutrientes.
Deslocamento da placenta
Além disso, há a possibilidade, em casos raros, da placenta se descolar. Isso provoca um consumo intenso de plaquetas e fatores de coagulação, e ainda impedir o envio de oxigênio ao feto.
“Assim, o parto deve ser imediato. A mortalidade do bebê é maior que 50%, bem como há risco de sangramento materno intenso, sendo a prematuridade outra consequência.”
Bebê prematuro
Quando a intenção é retardar o nascimento e evitar os efeitos da prematuridade, é possível manter a gestação até as etapas mais avançadas com o uso de anti-hipertensivos. No entanto, o controla deve ser mantido até 42 dias após o parto. Isso porque as substâncias liberadas na placenta e que aumentam a pressão arterial demoram a serem metabolizadas.
*Foto: Depositphotos