A partir de uma postagem da apresentadora e atriz Karina Bacchi, que afirmou em seu Instagram ter interrompido seu tratamento de fertilização em vitro por causa da Covid-19, pairou dúvidas no ar. Afinal de contas, é mesmo preciso parar o tratamento para engravidar na pandemia? Ou pode ser seguro seguir com o plano?
A questão tem vindo cada mais à tona em razão da flexibilização do período de quarentena em diversos locais do Brasil.
Nota de abril da Anvisa
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio de uma nota divulgada no mês de abril, era recomendada a suspensão temporária de procedimentos de reprodução assistida. Sendo assim, a orientação do órgão segue a posição de organizações do mundo inteiro:
“A Anvisa ratifica o posicionamento das sociedades científicas – [Sociedade Brasileira de Reprodução Humana] e [Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida] – e orienta o adiamento de qualquer tratamento de Reprodução Humana Assistida até que a situação no país, relativa a pandemia de coronavírus, esteja controlada. Excetuam-se os casos oncológicos e outros em que o adiamento possa causar mais danos ao paciente.”
Para Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, a medida tem o intuito de preservar a saúde das mulheres, além de reduzir o risco de elas pegarem a doença no meio do tratamento para engravidar.
O momento requer mais cuidados
Segundo a obstetra Claudia Gomes Padilha, em razão do novo coronavírus ser algo novo e que ainda está sendo bastante estudado e investigado, ela explicou que o momento requer mais cuidados. Em declaração ao UOl, no mês de junho, ela revelou:
“A ciência ainda não tem o conhecimento necessário para afirmar que é totalmente seguro embarcar em uma gestação atualmente.”
Por enquanto, ela indica de que não há sinais de que tenha transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez. E nem de que a infecção pela Covid-19 possa causar malformações do feto. No entanto, estão sendo estudados casos de presença de vírus no sêmen e casos de recém-nascidos com Covid-19.
A recomendação é parar o tratamento para engravidar na pandemia
Portanto, a recomendação de especialistas é a de parar o tratamento para engravidar na pandemia, até que esta esteja controlada. Isso significa quando a taxa de pessoas contaminadas pelo vírus caia.
Além da redução de casos da doença, Claudia também destaca outro aspecto de ligação a uma gravidez em meio à pandemia que deve ser levado em consideração:
“Mulheres ou casais que desejam ter um filho, mas enfrentam dificuldades, sabem o quanto a situação é angustiante. É preciso considerar o ponto de vista humano e autonomia feminina em optar ou não por correr o risco.”
Casos analisados individualmente que podem ou não parar o tratamento para engravidar na pandemia
Em contrapartida, a opinião do ginecologista e obstetra, Fernando Prado, diverge das demais. Para ele, importa analisar caso a caso:
“Se for constatado pelos profissionais da saúde urgência em dar prosseguimento na tentativa de gravidez, uma vez que o adiamento poderia diminuir as chances ou impedir a gestação, as clínicas estão seguindo todas as recomendações para diminuir o risco de contágio durante o processo.”
Por fim, Claudia ressalta o que a própria Anvisa disse em nota sobre “mulheres acima de 38 anos, com reservas de óvulos muito baixas ou que farão um tratamento que pode prejudicar a ovulação, tal como o de câncer ou cirurgias uterinas”. Estas se encaixam na situação de urgência em dar continuidade ao tratamento para engravidar.
Porém, para quem não se encaixa neste fator, existe a escolha de adiar o começo do tratamento ou seguir até o congelamento de óvulos e aguardar alguns meses para continuar.
*Foto: Reprodução/Freepik