Mães de crianças autistas relatam dificuldades no convênio da Hapvida NotreDame Intermédica
Em Sorocaba (SP), recentemente, a Câmara Municipal criou uma Comissão Especial Parlamentar para acompanhar a situação do atendimento a pacientes com Transtorno de Espectro Autista (TEA) oferecido pela Hapvida NotreDame Intermédica. Mas, mesmo assim, os problemas continuam. É o que revelam duas mães de crianças com TEA.
Mães de crianças autistas
As duas mães de crianças autistas não se convenceram da justificativa dada pelo plano de saúde, que vai transferir a Análise do Comportamento Aplicado (ABA) — um dos tratamentos mais indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) — de clínicas conveniadas para um núcleo próprio, o que dificulta a vida de algumas mães. Em nota, a Hapvida NotreDame Intermédica informou que os serviços são internalizados gradativamente para atendimento em rede própria, garantindo a continuidade das terapias com maior acompanhamento.
Grupo
Diante deste cenário, mães de crianças com TEA formaram um grupo, com quase 100 membros para tentar reverter esta decisão. Elas dizem que com o descredenciamento de 26 clínicas, previsto para acontecer até dia 31 de julho deste ano, haveria a interrupção repentina dos tratamentos. Portanto, em torno de 500 crianças seriam prejudicadas. Além disso, sem o tratamento adequado, as mães temem que seus filhos retrocedam em seu desenvolvimento. As mães afirmam também que a ideia da Intermédica é oferecer tratamento coletivo em um galpão. Ou seja, a rede não vai considerar as particularidades e demandas de cada paciente. E ainda coma-se a este fato a troca dos profissionais de saúde que atendem as crianças, gerando mais desconforto.
Quando mães se juntam por esta causa, e ainda conseguem apoio familiar e na Câmara, é essencial para que não trasnforme num esgotamento materno, uma vez que seus filhos com TEA dependem totalmente de sua sanidade mental. Segundo a enfermeira do SUS, Nathalia Belletato, é de suma importância contar com uma rede de apoio nos primeiros anos de vida de uma criança. E neste caso em específico, essas mães necessitam e muito de ajuda profissional para seus filhos.
Protesto
O grupo pede tratamento individualizado e adequado, em espaço apropriado e com profissionais qualificados, além da expansão dos atendimentos e redução da fila de espera. Tal manifestação carretou na criação da Comissão Especial Parlamentar, em 27 de junho.
Segundo o Legislativo, o primeiro compromisso da comissão será uma audiência pública no dia 10 de agosto, às 14h, para debater a questão.
Posicionamento da operadora de saúde
A operadora declara que mantém duas clínicas na região de Sorocaba com grande infraestrutura, incluindo salas de integração sensorial. Já a equipe é composta por especialistas em diversas áreas, como psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, terapia ocupacional (incluindo integração sensorial), musicoterapia, nutrição, fisioterapia e psicomotricidade. E todos capacitados para atender às necessidades específicas desses pacientes.
A empresa ressalta que os serviços estão sendo internalizados gradativamente para atendimento em rede própria, garantindo a continuidade das terapias com maior acompanhamento. Além da estrutura, a operadora diz também que a cidade contará com a rede credenciada, conforme cada plano contratado. Para a empresa, a decisão reflete o compromisso em oferecer atendimento técnico de excelência e ressalta que as cargas horárias das terapias serão respeitadas conforme o plano terapêutico do paciente, respeitando os parâmetros definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Por fim, a Intermédica reforça que o núcleo de terapias integradas está em contato direto com as famílias, fornecendo esclarecimentos e apoio para assegurar a manutenção dos tratamentos.
Mães não estão contentes com infraestrutura
Por outro lado, as mães dizem que infraestrutura não está adequada. Não há espaço lúdico, de integração. Não há ventilação natural. Trata-se de um prédio comercial, com salas que não remetem a um lugar que as crianças sentem-se calmas, onde funcionam outras especialidades de saúde.
As mães temem que seus possam sofrer preconceitam e estudam se ainda vão participar desse núcleo implementado pela operadora de saúde.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/medico-fazendo-seu-trabalho-em-consultorio-de-pediatria_21536842.htm#fromView=search&page=1&position=22&uuid=fff1a92a-3f40-46f6-87ee-e6a7844d9352