A diabetes gestacional afeta aproximadamente 18% das gestantes, segundo dados do Ministério da Saúde
Durante o período de gestação, muitas grávidas desenvolvem a diabetes gestacional. Este distúrbio é caracterizado pelo aumento do nível de açúcar no sangue das grávidas. Essa taxa pode resultar em problemas futuros, tanto para a saúde da mãe, quanto para a o bebê.
A diabetes gestacional afeta aproximadamente 18% das gestantes, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, os casos da doença têm crescido de modo bastante significativo. De acordo com os últimos estudos, tal elevação pode estar ligada às alterações nos critérios de seu diagnóstico, além de fatores como: obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares da população.
Taxas da OMS
Todavia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar que uma taxa de 92 mg/l de glicose no sangue, quando analisado em jejum, pode ser um alerta de diabetes gestacional.
Sendo assim, a nova diretriz para o diagnóstico mostra que quando a doença aparece na gravidez deve ser tratado o quanto antes. Sobre isso, o ginecologista e obstetra, Maurício Sobral, afirma que a enfermidade não costuma apresentar sintomas específicos. Portanto, ela pode ser confundida com os da própria gravidez, já que inchaço e ganho de peso durante a gestação são bastante comuns.
Como desconfiar que a gestante está com diabetes gestacional?
Sobral explica que algumas mulheres são mais predispostas a desenvolverem a doença do que outras:
“Primeiramente se o exame do açúcar no sangue tiver alterações, ou seja, maior que 92mg/dl em jejum. Depois, se a paciente tem histórico de diabetes na família ou na gravidez passada deve ficar muito atenta.”
Outro alerta é quando a grávida começa a engordar e apresentar inchaço nas extremidades acima do normal. Já o aumento da pressão sanguínea é um fator indireto. Na prática, em uma ultrassonografia, o médico pode notar sinais, como: o bebê aumentar muito de tamanho e peso, e o líquido amniótico aumentar de volume.
Consequências
Entre as consequências ligadas a diabetes gestacional está o aumento dos níveis de glicose no sangue. Porém, quando a criança nasce o problema desaparece, desde que tratado durante a gravidez. Em caso de não ter sido tratado, a doença pode trazer riscos á saúde do bebê, que envolve: parto prematuro, doenças cardíacas, desenvolvimento da síndrome da angústia respiratória (dificuldade para respirar ao nascer), icterícia e obesidade na infância ou adolescência.
A diabetes gestacional pode estar ligada ao sexo do bebê?
Conforme consta em um estudo científico, publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, sim, a diabetes gestacional está conectada ao sexo do bebê. Em outras palavras, o fato de uma grávida desenvolver a doença durante a gestação, assim como diabetes tipo 2 mais tarde, está ligado a saber se ela está esperando um menino ou uma menina. As mulheres que participaram do estudo e que carregavam meninos eram mais predispostas a ter diabetes na gravidez do que aquelas que carregavam meninas.
Entretanto, apesar do estudo apresentar uma ligação entre o sexo do bebê e o risco da mãe, ele não provou causa e efeito, muito menos foi projetado para isso. Em uma nota à imprensa, Baiju Shah, autor do estudo, afirmou:
“Acredita-se que o diabetes gestacional ocorre devido a uma combinação de anormalidades metabólicas subjacentes na mãe e alterações metabólicas temporárias que ocorrem durante a gravidez.”
E ainda completou:
“Nossas descobertas sugerem que um feto masculino leva a maiores alterações metabólicas associadas à gravidez do que um feto do sexo feminino.”
Em contrapartida, outras descobertas da pesquisa revelaram que as mulheres que tiveram diabetes gestacional durante a gestação com bebês do sexo feminino também apresentaram um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 posteriormente. No entanto, esse fator sugeriu que essas mulheres possuíam outros problemas de saúde subjacentes.
Como diagnosticar?
A diabetes gestacional pode ser diagnostica no começo da gravidez, afirma a obstetra endócrina, Dra. Ana Claudia Amaral Souza. Ela completa que a partir dos primeiros exames realizados no pré-natal ou ainda pode se manifestar tardiamente, da 24ª semana em diante.
A obstetra também explica que isso acontece porque durante a gestação a placenta produz uma série de hormônios que podem resistir à ação da insulina, que é o hormônio responsável pelo controle da glicose no sangue.
Exames ligados à diabetes gestacional
Além disso, a diabetes gestacional pode ser descoberta por meio de exames como: glicemia em jejum, curva glicêmica e hemoglobina glicada. Com isso, o médico realiza um acompanhamento mais específico, que inclui avaliações periódicas e mais detalhadas. O Dr. Maurício recomenda também “uma mudança de hábitos, incluindo uma dieta saudável e a prática de exercícios, que auxiliam no controle dos níveis de glicose no sangue e no funcionamento da insulina”.
Tratamento
O tratamento da diabetes gestacional depende muito do caso. Ele pode ser tratado desde a inclusão de exercícios físicos na rotina gestante e dieta, até a utilização de insulina. No entanto, nos casos mais complexos, há a necessidade de internação da paciente a fim de controlar o açúcar no sangue e também para monitorar a saúde do bebê. Todavia, o diagnóstico não é uma indicação para o parto cirúrgico.
É necessário mudar hábitos alimentares
Como forma de prevenção da diabetes gestacional, o recomendado por especialistas é ter uma alimentação saudável. Portanto, a gestante deve controlar o excesso de açúcar, evitando doces e carboidratos. A ingestão de mais frutas, verduras e legumes ricos em fibras é bem-vinda, pois eles ajudam a melhorar a circulação sanguínea e reduzir o inchaço.
De acordo com a ginecologista Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia):
“O diabete gestacional acontece principalmente depois de 24 semanas, quando a placenta produz hormônios que são hiperglicemiantes, e essa hiperglicemia fisiológica se não for contrabalanceada com uma qualidade de estilo de vida favorável, com exercícios físicos, dieta equilibrada, pode desenvolver esse problema. Isso pode levar a complicações para o bebê, inclusive má formação cardíaca, alteração respiratória e um ganho exagerado de peso, que repercute na vida adulta, com síndrome metabólica, pressão alta, alteração de triglicérides e obesidade.”
*Foto: Divulgação