Programa Prevenção da gravidez no RJ Acolhe foi lançado no AME do Cantagalo, em agosto, e já vai ampliar atendimentos para 80 consultas diárias, devido à grande procura
O Programa Acolhe, iniciativa inédita da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) tem impactado positivamente a vida jovens e mulheres do estado. É o que ocorre com Ângela da Conceição, de 63 anos, que tem 11 filhos e 13 netos. Ela viu sua vida se transformar quando sua neta engravidou aos 13 anos. Ângela entende bem sobre impacto social e a maternidade precoce.
Segundo estudo da Friocuz, de 2022, 19% enfrentam nova gestação antes da vida adulta.
Programa prevenção da gravidez no RJ
Portanto, ela aprova a iniciativa do programa de prevenção da gravidez no RJ. O foco do Programa Acolhe é orientar sobre o impacto da gravidez não planejada na adolescência, oferecendo palestras educativas, ginecologistas e acesso a métodos contraceptivos no Ambulatório Médico de Especialidades Jornalista Susana Naspolini (AME), no Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (PPG), em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
Segundo dona Ângela:
“Trouxe minhas cinco netas para serem atendidas no Acolhe porque não quero que elas passem pelo que passei. Se eu tivesse tido acesso a um programa como esse, minha vida teria sido diferente. Tive que trabalhar de segunda a segunda para conseguir educar os meus filhos, com muito sacrifício. É importante poder planejar a maternidade.”
Público-alvo
Já o público-alvo do Programa Acolhe é adolescentes a partir de 14 anos. Contudo, a iniciativa atende jovens até 25 anos. Além disso, apenas no primeiro mês de atendimentos do programa, que integra os serviços do AME, já realizou palestras com a participação de mais de mil mulheres. Aproximadamente 420 jovens optaram pela colocação do implante anticoncepcional subdérmico; além da colocação de dispositivos intrauterinos (DIU), indicado para as que têm mais de 16 anos.
Atendimento
Já a partir deste mês, a capacidade de atendimento deve ser ampliada para 80 mulheres por dia, superando mil atendimentos por mês. Mais de 3.600 mulheres, entre 14 e 24 anos, entraram na regulação para o atendimento. Entretanto, o programa vai muito além do fornecimento de métodos contraceptivos. Ele promove palestras sobre a saúde da mulher e esclarece sobre como a gravidez precoce não planejada leva a condições sociais de difícil reparação, como a interrupção dos estudos e a entrada precoce e não qualificada no mercado de trabalho. Há ainda impacto na saúde, como as altas taxas de mortalidade materna e do recém-nascido.
Segundo o secretário de estado de saúde, Doutor Luizinho:
“O programa Acolhe, dentro do AME, é um grande sucesso. Nós já tínhamos expectativas e sabíamos dessa demanda das mulheres fluminenses, que queriam poder fazer um planejamento familiar. A gente está vendo isso no dia a dia pela procura e pelo sucesso nas redes sociais. Vamos levar o programa para outras localidades e ampliar o espectro de ação, além de oferecermos mais especialidades no AME.”
Gestação não planejada e evasão escolar
Por outro lado, a gestação não planejada na adolescência está entre as principais causas da evasão escolar em todo o Brasil, especialmente no Ensino Médio, e afeta principalmente alunas em condições mais vulneráveis. Segundo pesquisa promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dois milhões de adolescentes deixaram a escola no Brasil, em 2022. Desse total, 14% apontaram a gravidez como motivo para o abandono dos estudos. Em 2022, do total de 180.297 nascidos vivos no Estado do Rio de Janeiro, 777 foram de mães de até 15 anos e 19.347 tinham mães entre 15 e 19 anos, segundo dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Ou seja, 11,16% foram fruto de gestações precoces.
Equipe qualificada realiza acolhimento e consulta
O Acolhe realiza atendimento em duas etapas: a primeira compreende uma palestra explicativa sobre prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos e esclarece sobre a exposição de mulheres a situações violentas. Em seguida, a paciente é encaminhada à consulta com um ginecologista para avaliação e possível disponibilização do método anticoncepcional escolhido.
Sobre isso, a coordenadora do programa, ginecologista Ana Teresa Derraik explicou que o “Acolhe funciona com muita informação e aconselhamento contraceptivo, para que a jovem escolha de uma forma legítima e esclarecida qual é a melhor forma que se adequa a ela. Tem o implante, que é a grande novidade, e também o DIU de cobre que possibilita a contracepção de longo prazo, até 12 anos”.
Já a equipe multidisciplinar do Acolhe é composta por 27 médicos, que realizam ação educativa, aplicação do contraceptivo e exames de ultrassonografia; além de 2 enfermeiros e 4 técnicos de enfermagem. O programa disponibiliza o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre, pílulas e injeções anticoncepcionais, além do implante do contraceptivo subdérmico. Todo o atendimento é gratuito, feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes menores de 18 anos que optem por contraceptivos implantados precisam apresentar autorização do responsável.
Funcionamento do Programa Acolhe
O programa que ocupa um andar inteiro dentro do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Jornalista Susana Naspolini, funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. A unidade faz parte dos investimentos do Cidade Integrada, do Governo do Estado.
Após o primeiro mês de atendimento, as vagas passaram a ser oferecidas por meio da Central de Regulação do Estado (CER). Para ser inserida na regulação, basta que a jovem interessada procure uma unidade básica de saúde ou clínica da família, levando carteira de identidade e cartão do SUS.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-da-futura-mae-com-barriga-esperando-o-medico-para-iniciar-a-consulta-de-saude-no-gabinete-mulher-esperando-crianca-sentada-na-cama-antes-da-consulta-de-exame-com-obstetra_27338127