Pílula azul, ou Viagra, chegou ao Brasil em junho de 1998
O revolucionário medicamento para disfunção erétil chegou às farmácias no Brasil em junho de 1998 e está completando 25 anos. Em uma situação peculiar, a “pílula azul”, fez com que Carin Rockind, residente da Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrasse uma solução inusitada após receber a notícia de que era velha demais para engravidar. Especialista explica como a droga pode ajudar na concepção
Pílula azul – Viagra
Há 25 anos, em junho de 1998, o Viagra (pílula azul) foi introduzido no mercado brasileiro, apenas dois meses após sua aprovação nos Estados Unidos. Esse marco representou o fim de uma busca pela solução de uma das principais doenças penianas: a disfunção erétil. Por outro lado, ao longo dos anos, descobriu-se que o medicamento pode ser um aliado também na concepção. Carin Rockind, atualmente com 48 anos, tinha o sonho de ter um bebê, mas enfrentou diversos obstáculos que tornavam a gestação muito difícil. Aos 45, ela ouviu de um médico que estava “velha demais” para engravidar. Mas ela não queria desistir e foi buscar informações. Foi aí que encontrou um vídeo de uma mãe australiana, que dizia que um medicamento para disfunção erétil famoso, introduzido na vagina, fez toda a diferença para ela conseguir sucesso nas tentativas de gestação. Ela decidiu usar a mesma tática tentante e, segundo Carin, isso ajudou. Hoje, ela é mãe de um menino de 2 anos.
Tentativas de ter um bebê
Carin e seu marido, Josh, atualmente com 52, que vivem na Pensilvânia, nos Estados Unidos, começaram as tentativas de ter um bebê assim que eles se casaram, em 2014. Porém, eles passaram por várias decepções. A mulher sofreu dois abortos espontâneos e estava quase abrindo mão do sonho. Então, eles decidiram fazer uma última tentativa, apelando para a fertilização in vitro (FIV).
“Gastei todo o meu dinheiro em fertilização in vitro (FIV).”
Investimento
Para isso, precisaram investir US$ 40 mil (o equivalente a quase R$ 200 mil). Além disso, fizeram um empréstimo, e ainda usaram US$ 10 mil que ganharam de presente de um amigo, que sabia do desejo deles e também das condições financeiras. O casal usou óvulos doados por uma mulher de 26 anos e conseguiu 20 óvulos viáveis, mas o casal ficou apenas com um embrião, fertilizado com o esperma de Josh, para implantar. Eles estavam se preparando para a transferência, porém, os exames mostraram que o revestimento do útero de Carin não estava crescendo e ela recebeu medicamentos para ajudar. Entretanto, as drogas não ajudaram.
Vídeo de uma australiana
Foi nesse momento, Carin viu o vídeo na internet, de uma mulher australiana, que também tinha sofrido com dificuldades relacionadas à infertilidade e contou que usou o medicamento famoso, para disfunção erétil, para ajudar a espessar o endométrio – e aumentar as chances de sucesso na gravidez.
“Eu realmente queria engravidar e acreditava que meu corpo poderia fazer isso”, disse ela, em entrevista ao Daily Mail. “Encontrei uma mulher na Austrália que colocou o medicamento na vagina e isso ajudou o revestimento do útero a crescer.”
Ela foi ao médico em seguida, e apesar de achar estranho, o especialista lhe concedeu a prescrição da pílula azul. Ele foi cético no início.
“Em três dias meu endométrio ficou mais grosso e estávamos prontos para a transferência do embrião”, comemorou. “Parecia que todo o nosso esforço tinha valido a pena.”
Depois de constatar que seu útero estava, finalmente, em condições favoráveis, a transferência do embrião foi feita, em novembro de 2019. Carin descobriu que estava grávida poucas semanas depois.
“Sentimos uma sensação de alívio e simplesmente gritamos”, declarou. “Não deixamos o medo entrar. Íamos apenas passar os nove meses inteiros gratos e acreditando que era para ser assim.”
A confirmação da gravidez
Sendo assim, a tão sonhada gravizes resultou no nascimento de Shay Rockind-Klur, no dia 2 de julho de 2020, no Lankenau Medical Center, em Wynnewood. Inicialmente, o pequeno teve dificuldades para respirar e, por isso, precisou ser levado para a UTI Neonatal, mas logo se recuperou. Hoje, Shay tem 2 anos e meio.
“Somos abençoados, ele é hilário, fala parágrafos inteiros desde os dois anos, é muito imaginativo e muito travesso”, elogia. “Essa criança queria nascer. E nasceu graças ao viagra. Somos muito abençoados.”
Mas será que funciona mesmo?
Utilizar medicamento para disfunção erétil na vagina para aumentar as chances de gravidez funciona mesmo? De acordo com o ginecologista e obstetra Geraldo Cadeira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), sim.
“Esse medicamento é um vasodilatador e, portanto, dilata o endométrio também.”
Para o objetivo inicial, que é manter a ereção masculina, a droga dilata os vasos sanguíneos do pênis.
Caldeira diz ainda que o medicamento é usado como rotina no Brasil para pacientes que têm endométrio fino.
“No caso acima, a mulher tinha o embrião bom, mas precisava também que o útero estivesse bom para receber esse embrião.”
O medicamento, para a finalidade de espessar o endométrio, é usado via vaginal, duas vezes ao dia, durante dois dias, um de manhã e um à noite, de doze em doze horas, explica.
“Ele melhora a espessura do endométrio e ajuda na implantação do embrião.”
Mas, atenção, assim como qualquer medicamento, só deve ser utilizado com orientação e prescrição médica.
*Foto: Depositphotos