Roupa inclusiva e sustentável ainda não enxerga mulher gestante como potencial consumidora
Muitas vezes a mulher gestante enfrenta problemas para poder se vestir durante a gravidez. O mercado de moda ainda não consegue atender bem este nicho. Isso porque faltam marcas que juntem informação de moda, funcionalidade e sustentabilidade às peças, em que o ciclo de vida é mais curto.
Roupa inclusiva e sustentável para gestantes
De acordo com a professora de comportamento do consumidor da ESPM, Bianca Dramali, a falta de uma roupa inclusiva e sustentável para gestantes ocorre porque este público ainda não é visto como potencial consumidor. Em sua tese de doutorado, ela explica melhor este conceito.
“Muito se fala de enxoval para criança. Até mesmo o mercado de segunda mão, que é uma tendência no varejo, já apresenta um crescimento de marcas e brechós infantis. Mas ainda são poucas as iniciativas para a gestante. Ela não é colocada como um elemento central do consumo.”
Sustentabilidade
Por outro lado, a circularidade de roupas reduz o consumo de água, energia e matéria-prima para a produção de novas peças, e ainda diminui o descarte. Prova disso é que as empreendedoras contam que ainda hoje possuem produtos de 2017 em bom estado e disponíveis para escolha. Contudo, novos modelos são desenvolvidos a partir de sugestões e necessidades das próprias clientes.
Exemplos de marcas
Durante a gravidez, Juliana Franco Semino, 43, revela que não tinha opções de roupas. Mas, como nesta época era editora de moda de uma revista, em 2017, após ter seu primeiro filho, ela se uniu à publicitária Cintia Cavalli, 45, para lançar a Bump Box, empresa de aluguel de roupas por assinatura para esse público, com sede em São Paulo.
A marca oferece a posse das peças, mas também dá a chance de reuso. O serviço é disponível pela internet e promove uma seleção de um pacote com quatro peças. Há opções com vestidos, calças, casacos e blusas. Após a escolha do plano, que pode ser mensal (R$ 349 por mês), trimestral (R$ 319 por mês) ou semestral (R$ 299 por mês). A numeração vai do PP ao GG, e do 36 ao 46.
As caixas são entregues na casa da gestante e retiradas ao final do período de aluguel. Mas, por conta da logística, neste momento, a atuação se concentra nas regiões Sul e Sudeste. Segundo as empreendedoras, são atendidas aproximadamente 700 clientes por ano, com tíquete médio de R$ 720.
Vida sustentável
A influenciadora Marianna Bombonato Moraes, 38, é idealizadora junto com suas irmãs do Verdes Marias, que produz conteúdo sobre vida sustentável, o que inclui perfis nas redes e palestras em emresas. Ao conhecer a proposta da Bump Box, ela conseguiu levar a outras mães a ideia de que não é preciso comprar tudo a todo momento.
“A circularidade das roupas na época da gravidez é muito importante, porque você não sobrecarrega o seu armário e não tem que descartar depois. Você simplesmente usa as coisas pelo período em que faz sentido e depois repassa.”
Além disso, ela reforça que empreendedores que desenvolvem um trabalho sustentável devem comunicar a importância de seu negócio.
Outra iniciativa que desponta neste mercado ainda em exploração é o Agora Sou Mãe, fundada pela analista de marketing Bia Mendes, 37. A empresa começou em 2011 e se popularizou na internet como um blog, onde compartilhava suas primeiras experiências com a maternidade. Mas, quando percebeu que tinha um público fiel, decidiu empreender.
Coleção de camisetas
Ela revela que lançou uma coleção de camisetas com estampas divertidas por conta própria. Na ocasião, ela se uniu a Lauren Baumgaertner, 33, para profissionalizar o negócio em 2015. Elas investiram R$ 9 mil, usados no desenvolvimento do site, produção de fotos e confecção dos produtos. E a partir daí, todo o lucro foi reibvestido.
As etapas da marca envolvem o corte do tecido, feitos no galpão da empresa, em Florianópolis, passando pelo processo de costura que é terceirizado.
Bia vê o Agora Sou Mãe como uma loja que oferece uma curadoria de roupas normais, “que você encontraria numa não especializada em gestantes, mas com recortes que funcionam para todos os tipos de cortes, modelagens muito bem pensadas, tecidos que se adaptam ás curvas”.
Hoje, a empresa recebe mais de 5.000 pedidos por mês, com uma média de 3 a 5 peças cada. Os preços variam de R$ 39,90 a R$ 299,90.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Camylla Battani – https://unsplash.com/pt-br/fotografias/son4VHt4Ld0)