Aulas de bem-estar na gravidez incluem meditação e mindfulness ao longo do pré-natal também teria impacto positivo nas respostas do bebê ao estresse
O período de gestação envolve muitos afazeres diários, idas ao médico etc. Mas, procure tirar um tempo para cuidar de seu bem-estar também. Isso porque segundo um estudo recente, grávidas que participam de aulas do tipo possui risco reduzido de depressão não só no pós-parto imediato, mas até oito anos depois de dar à luz. Além disso, a prática seria benéfica para os bebês, que teriam respostas mais saudáveis a situações de estresse.
Aulas de bem-estar na gravidez
Ainda de acordo com o estudo de longo prazo, que começou em 2014, na Universidade da Califórnia, em San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, acompanhou mulheres grávidas e seus bebês por oito anos. Os pesquisadores procuraram observar especificamente o impacto de programas de bem-estar pré-natal de baixo custo na saúde mental dos pais no pós-parto imediato e durante os anos seguintes.
Análise
Para analisar os impactos, 162 mulheres foram divididas em grupos de cerca de 10. Contudo, algumas foram designadas para um grupo de intervenção e outras, para um grupo de controle padrão. Os participantes dos grupos de intervenção se reuniram por duas horas por semana para praticar exercícios de redução do estresse baseados na atenção plena, concentrando-se especialmente na alimentação, respiração e nos movimentos conscientes. Elas foram conduzidas por meio de aulas e atividades em grupo por um profissional de saúde e receberam duas sessões por telefone, além de uma sessão de grupo de “reforço” no pós-parto, já com os bebês.
Sendo assim, no início, no final e ao longo do estudo. Com isso, os pesquisadores avaliaram os sintomas depressivos das mulheres usando um questionário padrão. Embora ambos os grupos de mulheres tivessem sintomas de depressão iguais antes da aula, apenas 12% das mulheres que fizeram parte das aulas de intervenção de bem-estar relataram sintomas depressivos moderados ou graves no pós-parto, em comparação com 25% das mulheres que receberam atendimento padrão, no grupo controle.
Os pesquisadores descobriram ainda que as aulas de bem-estar pré-natal não apenas minimizaram as taxas de depressão pela metade durante o período pós-parto imediato, mas até oito anos depois.
Em comunicado à imprensa, Nicki Bush, professora de pediatria e psiquiatria do Instituto de Neurociência Weill da UCSF, autora sênior do estudo, explicou:
“A prática de mindfulness é conhecida por ajudar a aliviar o estresse em muitas situações e pode afetar significativamente o enfrentamento e a saúde, e, aparentemente, é particularmente poderosa durante a gravidez, com efeitos duradouros.”
E ainda acresentou:
“Nossa sensação é que as conexões da comunidade e o apoio social envolvido com as aulas de bem-estar também foram terapêuticos.”
Impactos do estudo
Todavia, os impactos do estudo também se estenderam aos bebês. As crianças também foram analisadas posteriormente. No caso, o trabalho indicou que filhos de mães que participaram dos grupos de bem-estar na gestação demonstraram respostas mais saudáveis ao estresse, mais tarde.
Por outro lado, ao contrário de muitos estudos anteriores, a pesquisa da UCSF teve um interesse particular em avaliar como essas aulas poderiam impactar negros e indígenas, disse a autora.
“Nossas participantes eram mulheres de baixa renda, racial e etnicamente diversas que são sistematicamente expostas a fatores que as colocam em risco de depressão, como racismo e dificuldades econômicas.”
Vale destacar que os anos finais do estudo doram durante a pandemia de covid-19. Portanto, as taxas de depressão eram mais altas para todos e o fardo colocado nas comunidades negras era ainda maior. E mesmo assim, os efeitos do tratamento se mantiveram, ressaltou.
Por fim, os pesquisadores esperam que as aulas de bem-estar se tornem mais disponíveis, principalmente para uma em cada oito mulheres que apresentam sintomas de depressão pós-parto.
*Foto: Depositphotos