Dados de nascimentos por doação de esperma foram divulgados pela entidade reguladora, a Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA)
Enquanto em 2006, o Reino Unido teve 900 bebês nascidos com esperma doado, em 2019, esse número triplicou, e subiu para 2.800. É o que revelou um recente estudo da Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA), órgão que regula a reprodução assistida na região. De acordo com a entidade, um número maior de mulheres em relações homoafetivas e de mães e pais solo são algumas das razões que explicam o aumento significativo.
Nascimentos por doação de esperma
Além disso, ainda segundo os novos dados da HFEA, mais da metade do esperma doado usado nas clínicas de fertilidade do Reino Unido vem de outros países. Aproximadamente 52% dos doadores de esperma recém-registrados em 2020 eram “importados”. Portanto, significa um aumento de 22%, na comparação com o ano de 2010. Isso porque o número de doadores do Reino Unido sofreu uma queda.
Estados Unidos
A maioria do esperma doado vem dos Estados Unidos. O material genético americano foi responsável pelo nascimento de 27% dos bebês que nasceram dessa forma. Outros 21% foram concebidos a partir de esperma originário da Dinamarca, conforme números publicados pelo Daily Mail.
Sendo assim, a cada 170 bebês nascidos no Reino Unido, foram gerados a partir de doação de material genético, seja esperma, sejam óvulos ou embriões. Desde 1991, mais de 70 mil crianças vieram ao mundo, concebidas por doações, no país, que engloba Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
Em 2023
Por conta de mudanças nas regras locais, a partir do final de 2023, a maioria das pessoas concebidas por doadores com 18 anos completos poderão se inscrever para acessar informações de identificação sobre os doadores que ajudaram a gerá-las. Porém, as pessoas concebidas a partir de uma doação feita antes de 1º de abril de 2005 podem acessar informações de identificação somente se o doador tiver se registrado voluntariamente para se tornar identificável. As doações que chegam de fora do país devem atender aos mesmos requisitos de identificação impostos aos doadores do Reino Unido, embora possa haver dificuldade de contatar doadores que moram fora do país.
Pagar por doação é ilegal
Por outro lado, no Reino Unido, é ilegal pagar pela doação de esperma, óvulo ou embriões. Os pais só podem ajudar com as despesas razoáveis, relacionadas aos procedimentos. É o que declarou a presidente da HFEA, Julia Chain:
“Doar óvulos ou esperma ajudou a superar a dor de cabeça de milhares de pessoas que não conseguiram conceber um filho.”
Ela ainda complementou:
“Com o tempo, as técnicas de preservação e tratamento da fertilidade melhoraram drasticamente e isso, juntamente com a mudança de atitudes sociais, levou ao nascimento de mais de 70.000 crianças concebidas por doadores desde 1991. Pacientes mais jovens, geralmente, usam doadores por razões médicas, como infertilidade ou para evitar a transmissão de doenças genéticas. Enquanto isso, para pacientes mais velhos, usar um doador pode aumentar a chance de ter um bebê; sobretudo para mulheres, cuja fertilidade diminui a partir dos 30 anos. Um aumento no acesso de pessoas solteiras e do mesmo sexo ao tratamento também levou a mais tratamentos envolvendo doadores.”
Doação de esperma no Brasil – como funciona
No Brasil, o pagamento de doadores é proibido para não gerar um mercado paralelo, por exemplo, de órgãos. E não há uma lei específica sobre o tema, as diretrizes vêm do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Já o Pro-Seed é o maior banco de sêmen do país. Quando um doador se voluntaria, ele passa primeiro por uma triagem, que inclui exames clínicos e laboratoriais. Quando é aprovado, volta dias depois para uma saleta discreta, com um pequeno frasco, no qual ejacula diretamente. Cada jato de um mililitro deve conter 80 milhões de espermatozoides.
Como é de praxe, a amostra fica seis meses em quarentena, por causa da janela imunológica de possíveis viroses. Só após é liberada para aparecer no catálogo da empresa, que fornece material genético sob encomenda para 250 instituições credenciadas.
Por fim, o doador pode contribuir conforme sua disponibilidade, seja uma vez por mês ou por semana. O sêmen, que fica armazenado num botijão de nitrogênio líquido a 196ºC negativos, dura até 30 anos. O CFM, órgão que regula a prática da medicina reprodutiva, determina que um doador pode ter, no máximo, dois filhos por milhão de habitantes na mesma região. A precaução evita a chance de casamento consanguíneo, entre irmãos que não sabiam do parentesco.
*Foto: Depositphotos